Coronariopatia

Intervenção percutânea guiada por FFR (Parte 3)

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FFR

Continuando a discussão sobre FFR, vamos exemplificar um caso de um paciente multiarterial fictício que pode ter seu risco diminuído em caso de intervenções guiada por FFR. Baseado em estudos como o FAME TRIAL, DEFER STUDY, COURAGE, PROSPECT TRIAL entre outros; sabemos que pacientes com lesões funcionalmente não significativas tratadas apropriadamente com medicações tem uma taxa de eventos cardiovasculares de 1%/ano; pacientes com estenoses funcionalmente significantes (ou seja, associadas a isquemia) tratados clinicamente tem uma taxa de eventos superior (5%/ano); por fim, os que se submetem a angioplastia com stent tem uma taxa de eventos cardiovasculares em torno de 3%/ano (eventos associados ao procedimento, seja a lesão prévia isquêmica ou não).

Angioplastia guiada por ffr

Este paciente apresenta 4 estenoses coronárias, sendo que apenas uma lesão da CD e a lesão da DA tem FFR < 0,75. Se for optado por tratar todas as lesões através de intervenção coronária percutânea, teremos um risco intrínseco de eventos cardiovasculares de 12%/ano, se optarmos por angioplastia das lesões isquêmicas apenas, deixando as demais lesões em tratamento clínico, teremos uma diminuição do risco para 8%/ano. O paciente multiarterial é extremamente complexo, devendo ser bem avaliado clinicamente e muitas vezes através de testes não-invasivos para definição da melhor estratégia terapêutica. Nesse contexto, a cineangiocoronariografia com definição da anatomia coronária é fundamental, e mais recentemente a FFR pode trazer informações importantes em relação à repercussão  funcional hemodinâmica das lesões.

 

Referências:

Nico H. J. Pijls, et al. Functional Measurement of Coronary Stenosis. JACC Vol. 59, No. 12, 2012 March 20, 2012:1045–57

Shaw LJ, Heller GV, Casperson P, et al. Gated myocardial perfusion single photon emission computed tomography in the Clinical Out- comes Utilizing Revascularization and Agressive drug Evaluation. (COURAGE) trial, Veterans Administration Cooperative study no. 424. J Nucl Cardiol 2006;13:685–98

Pijls NH, Fearon WF, Tonino PA, et al. Fractional flow reserve versus angiography for guiding percutaneous coronary intervention in pa- tients with multivessel coronary artery disease: 2-year follow-up of the FAME (Fractional Flow Reserve Versus Angiography for Multivessel Evaluation) study. J Am Coll Cardiol 2010;56:177–84.

Pijls NHJ, van Schaardenburgh P, Manoharan G, et al. Percutaneous coronary intervention of functionally non-significant stenosis: 5-year follow-up of the DEFER study. J Am Coll Cardiol 2007;49:2105–11.

Colaborador Hemodinâmica:

Dr Cristiano Guedes Bezerra

 
  • Clínica Médica pela UNIFESP / EPM
  • Cardiologista pelo InCor- FMUSP
  • Especializando do Departamento de Hemodinâmica pelo InCor – FMUSP
  • Médico Plantonista da Unidade de Emergências Clínicas do InCor- FMUSP

 

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Sobre o autor

André Lima

2 comentários

  • É questionável se toda e qualquer lesão com FFR < 0,75 deve ser angioplastada, pq o que os estudos demonstram é o benefício quando a área isquemica total é superior a 10%. Logo se, por exemplo, há uma lesão com FFR < 0,75 (portanto isquêmica) mas numa porção distal ou em um vaso não importante, ele dificilmente se beneficiará da intervenção. Por este motivo a avaliação funcional que demonstre o percentual de isquemia ou mesmo um exame que não dê esse percentual mas que demonstre indiretamente uma carga isquêmica elevada (pelos critérios de gravidade) continua superior para definir se a revascularização é realmente superior ao tto clínico. Parabéns pelo blog.

    • Fernando, obrigado pelos comentários. Sem dúvida, a quantificação da carga isquêmica tem fundamental importância, inclusive com implicações prognósticas. De forma geral, continuamos usando o que se preconiza nas diretrizes para guiar a revascularização: sintomas (ANGINA), carga isquêmica (CINTILO, por ex.) e anatomia coronária (CATE). De forma interessante, a FFR vem a somar informações e esclarecer pontos duvidosos, sendo importante nas lesões moderadas à angiografia e no paciente multiarterial. Visto de um outro modo, diante de uma lesão coronária, devemos estabelecer a área sob risco (lesões proximais implicam em maior área isquêmica sob risco), a magnitude da obstrução (a FFR pode ajudar nas lesões moderadas), grau de sintomatologia do paciente, dificuldade técnica para a revascularização, presença de viabilidade miocárdica no território a ser revascularizado, etc… Portanto, a análise e condução dos casos de coronariopatia crônica vão bem além do que o resultado pontual da FFR, porém este pode ser útil e vem ajudando na condução de casos selecionados.

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