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Artefatos em tomografia cardíaca – o cego no tiroteio parte II

Tomografia Cardíaca
Escrito por Alexandre Volney

Esta publicação também está disponível em: Português

No post prévio vimos os primeiros tipos de artefatos em tomografia cardíaca. Continuando o assunto, apresentamos o que pode ser considerado o “calcanhar de Aquiles” desse exame: a calcificação (e artefatos relacionados a estruturas metálicas).

A calcificação coronária é um marcador inequívoco de aterosclerose e pode ser facilmente detectada na análise do escore de cálcio, considerado um preditor independente de eventos cardiovasculares (veremos em post específico). Entretanto, na análise angiográfica, ele pode determinar dificuldade na correta estimativa da redução luminal. Alguns fatores relacionados a características da placa podem apresentar maior influência nesse erro – por exemplo, placas calcificadas densas, irregulares e circunferenciais costumam dificultar o diagnóstico luminográfico. A seguir apresento os dois principais artefatos relacionados a materiais de elevada densidade em tomografia:

Volume parcial

Em função de sua ainda limitada resolução espacial, as placas calcificadas podem ser interpretadas como corerspondente a pixels (lembra? Se não veja aqui) que na verdade são relativos a outras estruturas, dando a impressão visual de que as calcificação são maiores do que efetivamente são. Conhecidos também como artefatos de blooming, são causa frequente de superestimativa de lesões na angiotomografia coronária. Ajustes de janela tomográfica podem diminuir esse efeito e melhorar a visualização do vaso. Entretanto, o cardiologista clínico deve estar atento ao laudo de exames com elevada carga de cálcio, devendo-se considerar a possibilidade das lesões descritas estarem superestimadas.

placas-calcificadas

Artefatos de endurecimento de feixe

Também conhecidos como beam hardening, são provocados por fatores físicos relacionados ao bloqueio dos feixes de raio-X por materiais de alta densidade (cálcio, metal…), determinando o aparecimento de traços e zonas escuras ao redor dessas estruturas, distorcendo as imagens dos órgãos e estruturas adjacentes. Vejam, abaixo, o efeito do artefato relacionado a presença de cabos de marcapasso nas imagens.

marcapasso

Perguntas frequentes:

  1. E os Stents coronários? Bem, a análise dos stents coronários sofre o mesmo efeito dos artefatos, influenciado em mais ou menos importância de acordo com o tipo de malha do dispositivo. Malhas muito densas em segmentos coronários com diâmetros reduzidos podem limitar a análise luminal.
  2. Existe um valor de corte pelo escore de cálcio que contra-indique a angiotomografia? Não, justamente pelo fato de que não apenas a densidade de calcificação, mas o aspecto da placa também tem grande influencia. Assim temos pacientes com escore de cálcio altíssimo, mas com placas excêntricas e lineares que permitem a perfeita visualização do lúmen. Por outro lado, exames com apenas moderada calcificação podem apresentar calcificações grosseiras e circunferenciais que prejudicam muito a análise. Esse tipo de limitação deve sempre constar no laudo para orientação do colega que solicita o exame.

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Sobre o autor

Alexandre Volney

Residência em Clínica Médica pelo Hospital do Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HC-FMUSP, 2007)
Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor-HCFMUSP, 2009),
Especialização em Tomografia e Ressonância Cardiovascular (InCor-FMUSP, 2009-2011)
Especialista em Ecocardiografia (SBC)

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