Arritmia

A Fibrilação Atrial é realmente necessária?

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O fibrilação atrial (FA) é a arritmia cardíaca sustentada mais comum. Sua prevalência aumenta com a idade, e está relacionada com um aumento importante do risco de eventos embólicos, como acidente vascular cerebral (AVC).

Vários estudos têm avaliado medidas terapêuticas farmacológicas e/ou invasivas para reversão e controle dessa arritmia.

O foco agora é controle de fatores de risco. Alguns estudos recentes tem demonstrado a relação de fatores de risco cardiovasculares típicos, como obesidade, hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, etilismo e apneia do sono, com o desenvolvimento da FA.

Um estudo apresentado no congresso da Heart Rhythm Society em maio de 2014 – o ARREST-AF (Aggressive Risk Factor Reduction Study – implications for ablation outcomes) – avaliou a importância do controle dos fatores de risco nesses pacientes.

Esse estudo selecionou pacientes com FA e obesidade associado a algum outro fator de risco (hipertensão, diabetes, apneia do sono, dislipidemia), que estavam aguardando a realização de ablação da arritmia. Esses pacientes foram randomizados para o grupo intervenção (mudança de estilo de vida supervisionada) ou grupo controle. O tempo de seguimento foi 2 anos, e o desfecho primário foi recorrência da FA.

Os pacientes do grupo intervenção foram estimulados a realização de mudanças no estilo de vida, com estratégias ativas para controle do peso, controle de tabagismo e etilismo, além de controle de dislipidemia, diabetes, hipertensão e apneia do sono.

Esse grupo apresentou uma melhora significativa do peso, controle glicêmico e pressórico, além de redução dos episódios de apneia/hora.

Além disso, foi demonstrado também mudanças estruturais cardíacas, com redução do volume do átrio esquerdo e do volume diastólico final de VE.

Essas medidas aumentaram em cerca de 5 vezes a taxa de sucesso da ablação.

Em 2 anos, a sobrevida livre de FA após 1 ablação foi de 62% dos pacientes do grupo intervenção comparado com 26% do grupo controle. Se considerarmos novos procedimentos de ablação, em 2 anos 87% do grupo intervenção estavam em ritmo sinusal VS 48% do grupo controle.

Esse estudo mostrou o quanto é importante o controle de fatores de risco em pacientes com FA, especialmente quando buscamos a estratégia de controle de ritmo.

Se mudarmos agora nosso foco para algumas comunidades rurais da China, onde se vive com um estilo de vida totalmente diferente do que estamos habituados, e onde a prevalência de arritmia, doença cardíaca e neoplasia é praticamente nula, começamos a pensar se existiria ainda tanta FA, tanto infarto agudo do miocárdio, tanto AVC, se todos decidíssemos mudar realmente nossos hábitos de vida…

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

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