Coronariopatia

ACC 2011 – PRECOMBAT – angioplastia ou revascularização cirúrgica para doença de tronco de coronária esquerda?

Esta publicação também está disponível em: Português

O tratamento de lesão estenótica do tronco da coronária esquerda com cirurgia de revascularização miocárdica (RM) foi sempre considerado a opção de escolha, mas a abordagem percutânea vem sendo realizada e estudada cada vez mais nos últimos anos. No estudo PRECOMBAT apresentado no congresso do ACC, foram comparados 600 pacientes com lesão de mais de 50% no tronco de coronária esquerda (TCE) não protegido ou lesões combinadas de TCE e outras artérias que pudessem ser tratadas por ATC ou RM. 300 deles foram encaminhados à RM e outros 300 para angioplastia (ATC) com stent farmacológico (revestido com sirolimus).

Foram excluídos pacientes com FE < 30%, com RM prévia ou ATC nos últimos 12 meses, IAM na última semana, choque, contra-indicação para dupla antiagregação plaquetária, cirurgia programada, AVC debilitante ou comorbidades graves.

O end-point primário foi um composto de eventos cardíacos maiores e eventos cerebrovasculares (morte por qualquer causa, infarto do miocárdio, AVC, revascularização do vaso alvo guiada por isquemia; em um período de 1 ano).

O end-point primário ocorreu em 26 pacientes no grupo ATC e 20 pacientes no grupo RM (8,7% vs 6,7%, p = 0,01). Após 2 anos, também não foi observada diferença entre os grupos (p = 0,12).

O estudo mostra então que a revascularização de lesão de TCE com stent farmacológico não foi inferior à cirúrgica, quando avaliados eventos cardíacos maiores e cerebrovasculares.

Devemos levar em consideração que as taxas de eventos em 1 ano foram inferiores àquelas esperadas pelos autores, o que limitou um pouco o poder do estudo. Assim, não podemos levar em consideração o resultado desse estudo para colocar definitivamente a angioplastia como alternativa à cirurgia de RM em lesões de TCE. Apesar disso, foi o primeiro grande estudo randomizado a mostrar segurança da realização de ATC nesse cenário, o que poderá mudar a classe de indicação desse procedimento. Atualmente, nas diretrizes do AHA, é considerado classe IIb, e na européia (ESC), IIa.

Referência: Park SJ, Kim YH, Park DW, et al. Randomized trial of stents versus bypass surgery for left main coronary artery disease. N Engl J Med 2011; publicado on-line em 4 de abril em www.nejm.org.

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

4 comentários

  • Sera que depois desse ACC ,comecamos a observar a morte das verdades do CASS? acho que e o impacto da otimizacao das medicacoes e ptca

  • Dr Aécio,
    o CASS é um estudo de relevância meramente histórica. Ele na verdade comparou CABG x placebo. O grupo de tratamento clínico usou AAS em menos de 25% dos casos, estatinas ainda não existiam, bbloq era contra-indicado no pcte com disfunção, e por aí vai. No grupo cirúrgico cerca de 10% dos pctes apenas colocaram mamária DA. O resto era tudo enxerto de safena. ou seja, o trial não se aplica em nada à realidade atual.
    cada vez mais acho que se fizessem um trial com lesão de tronco de 50-70% sem isquemia documentada e colocassem tratamento clínico X ATC x CABG ia dar no mesmo…

  • Dr . Figuinha . O periodo pelo q li ai e para 2 anos de acompanhamento ,nao ? Depois disso a gente nao sabe ,acho q um tempo de 5 anos de seguimento seria bom . Gde abraço ,estudo interessantissimo esse ,queria ler o original mas nao to conseguindo abrir .

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