Coronariopatia

ADAPTABLE: que dose de aspirina usar na prevenção secundária?

Escrito por Eduardo Lapa

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Os atuais guidelines recomendam que a dose de aspirina em pacientes de prevenção secundária seja ≤100 mg.d. Isso é baseado majoritariamente em estudos observacionais que notaram que doses mais elevadas de aspirina não reduziam eventos isquêmicos e ainda por cima elevavam o risco de sangramento. Contudo, a comparação de doses baixas x doses elevadas de aspirina nesse cenário precisa ser avaliada em trials com número relevante de pacientes. Isto foi feito no estudo ADAPTABLE, apresentado no congresso ACC 2021. Qual foi o desenho do estudo?

  • O desenho do estudo é diferente dos que estamos acostumados. Os pctes que possivelmente se encaixavam no perfil proposto eram buscados através de uma grande base de dados dos Estados Unidos. Os que preenchiam critérios para entrar no estudo eram então contactados e, se concordassem em participar, assinavam o termo de consentimento de modo eletrônico. A randomização era feita para a dose do AAS (81 mg ou 325 mg) e o próprio paciente comprava a medicação. O estudo, portanto, era open label (todos sabiam que medicação o paciente estava usando). O registro de eventos era feito também à distância, ou por telefone ou por computador.
  • 15.081 pacientes randomizados
  • Um braço do estudo receberá dose de aspirina de 81 mg.d e o outro, 325 mg.d
  • Critérios principais de inclusão – história de doença cardiovascular (aqui entrou IAM prévio, cate com lesão coronariana acima de 75%, necessidade de procedimento de revascularização prévio, entre outros), ausência de contraindicação ao uso de aspirina, não ter indicação de uso de anticoagulante.
  • Endpoint primário – desfecho composto de morte geral + hospitalização por IAM + hospitalização por AVC

Resultados:

  • Não houve diferença relevante no endpoint primário. Também não houve diferença significante em relação aos desfechos de segurança (sangramento).
  • Então, encerrado o assunto, certo? Na verdade, há alguns pontos interessantes a serem levantados. Por exemplo: cerca de 41% dos pacientes do grupo 325 mg.d migraram para a dose mais baixa ao longo do estudo. Isso mesmo. 41%. É muita coisa. Além disso, cerca de 11% dos pacientes desse grupo pararam de tomar a medicação durante o seguimento. No momento em que mais da metade dos pacientes alocados para um determinado grupo simplesmente não tomaram a medicação da forma que havia sido pensado, fica difícil de uma possível vantagem da dose maior ser demonstrada no estudo.
  • No final das contas, a tendência é mantermos a conduta atual – usar doses de manutenção de aspirina ≤100 mg.dia na prevenção secundária.
  • Para ver maiores detalhes, assista ao nosso resumo em vídeo do estudo:

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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