Coronariopatia Prevenção

Angiotomografia de coronárias não tem utilidade em pctes assintomáticos

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Já é um tema bem batido, mas sempre vale a pena comentar. Postamos há alguns meses o resumo do guideline americano de prevenção cardiovascular. Nele a angiotc de coronárias é classificada como classe III quando usada em pctes sem sintomas cardiovasculares sugestivos de coronariopatia. Esta semana saiu mais um estudo que corrobora esta posição de AHA.

Estudo coreano que pegou 1.000 pctes submetidos a angiotc de coronárias e que tinham risco cardiovascular baixo a moderado (previsão de <20% de eventos nos próximos 10 anos). Achou-se então 1.000 pctes similares a estes para servirem de controle, os quais não eram submetidos a angiotc. Ou seja, o estudo não foi um trial randomizado. Os pctes eram entãio acompanhados por 18 meses. Neste período eram registrados os procedimentos adicionais aos quais os pctes eram submetidos (cate, teste ergométrico, etc), as medicações que eram iniciadas ou mantidas (aas, estatina, etc) e o surgimento de eventos cardiovasculares (IAM, morte, etc).

Achados do estudo:

– Exames adicionais foram muito mais frequentes no grupo da angiotc do que no grupo controle (20% x 1,4%).

– Avaliando-se apenas os primeiros 90 dias do estudo – a taxa de revascularização (percutânea ou cirúrgica) era bem mais elevada no grupo da angiotc mas isto perdeu significado estatístico após os 18 meses de seguimento.

– Os pctes com agiotc positiva usaram aas e estatina de forma mais frequente que os outros pctes (5 a 7x mais de forma geral)

– Os pctes confirmaram que eram de risco cardiovascular baixo – houve apenas 1 evento cardiovascular em cada grupo ao longo dos 18 meses

Limitações do estudo – não foi randomizado, não incluiu pctes de alto risco assintomáticos, o acompanhamento foi curto (apenas 18 meses enquanto que sabemos que em coronária crônica geralmente precisamos de seguimentos mais longos para ver dieferença de desfechos – >5 anos).

Ao observar que cada grupo teve apenas 1 evento ao longo de 18 meses vemos que , independente do que fosse feito no grupo intervenção, não haveria como isto gerar uma repercussão importante. 1 evento em 1.000 pctes dá uma incidência de 0,1% de eventos. Alguma intervenção que gerasse uma redução de 50% do risco de eventos (coisa que não existe na prática clínica – caso se consiga uma redução de 10% ou 20% já é de grande monta em pctes crônicos) diminuiria esta incidência para 0,05% – ou seja, um NNT de 2.000 pctes. Ou seja, inviável.

Quem sabe no futuro pegando um grupo de pctes com risco cardiovascular mais elevado, acompanhando estes pctes por um período mais longo e randomizando o trabalho alguém consiga achar alguma diferença. Pouco provável.

Referência: McEvoy J, Blaha M, Nasir K, et al. Impact of coronary computed tomographic angiography results on patient and physician behavior in a low risk population. Arch Intern Med 2011; DOI:10.1001/archinternmed.2011.204.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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