Arritmia

Anticoagulação na Fibrilação Atrial – As Diretrizes Estão Sendo Empregadas no Mundo Real?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

Está claro nas diretrizes de fibrilação atrial (FA), que pacientes com CHADS2 ≥ 2 devem ser anticoagulados para prevenção de eventos tromboembólicos. Está claro também que pacientes com CHA2DS2-VASc ≥ 2 devem ser anticoagulados pelos mesmos motivos. Apesar do consenso sobre a anticoagulação na fibrilação atrial, como é a prática no mundo real?

Um registro americano com mais de 200 mil pacientes com FA de moderado a alto risco tromboembólico, determinado pelos escores CHADS2 ≥ 2 ou CHA2DS2-VASc ≥ 2, demonstrou que aproximadamente 40% desses pacientes recebiam apenas AAS, mesmo com as evidências de que a antiagregação plaquetária isolada confere baixa proteção a esses pacientes.

A análise multivariada demonstrou que: hipertensão, dislipidemia, doença de artéria coronária, infarto prévio, angina instável ou estável, revascularização miocárdica recente e doença arterial periférica foram comorbidades associadas com a prescrição isolada de aspirina nesses pacientes.

Concluímos, que apesar da escassez de evidências no uso do AAS para a prevenção de fenômenos tromboembólicos em pacientes com FA de moderado a alto risco e o claro benefício dos anticoagulantes orais, 4 em cada 10 pacientes no mundo real não receberam essa proteção em um registro americano. Alguns pontos que podem explicar essa discrepância entre as recomendações das diretrizes e o mundo real:

  1. Uma maior preocupação médica de fenômenos hemorrágicos em detrimento aos fenômenos tromboembólicos.
  2. Uma não definição clara de como proceder em pacientes com FA e doença aterosclerótica.

Dica:

Coronariopatia + necessidade de anticoagulação: o que fazer?

  • Pacientes que tiveram síndrome coronariana aguda no último ano – tendência a manter AAS + anticoagulante.
  • Pacientes que foram submetidos à angioplastia eletiva nos últimos meses – individualizar conduta considerando tipo de stent + risco de sangramento do paciente.
  • Pacientes que não foram nem submetidos à angioplastia nem apresentaram síndrome coronariana aguda no último ano – tendência é manter apenas o anticoagulante.

Referência:

Journal of the American College of Cardiology, Volume 67, Issue 25, Pages 2913-2923

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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