Coronariopatia ECG

Artigos clássicos: descrição original da síndrome de Wellens

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Já falamos sobre a Síndrome de Wellens no passado. Hoje vamos focar no artigo de 1982 que descreveu originalmente esta entidade clínica, a síndrome de Wellens. No estudo, os autores avaliaram 145 pacientes admitidos na emergência com suspeita de infarto do miocárdio. Destes, 26 pacientes (18%) apresentavam na admissão ou nas primeiras 24h da internação um padrão eletrocardiográfico típico: em V2 e V3 presença de ponto J (junção do QRS com o segmento ST) normal ou discretamente elevado (até 1 mm) associado a um segmento ST côncavo ou isoelétrico e uma onda T invertida com aspecto simétrico. Os 3 ECGs mostrados no artigo original apresentam o chamado aspecto plus-minus da onda T, ou seja, uma onda T com uma porção inicial positiva seguida se uma porção final negativa. Exemplo a seguir (imagem retirada do nosso futuro Manual de Eletrocardiografia Cardiopapers)

wellens

E o que ocorreu com os pacientes que apresentavam este padrão no ECG? Resumindo:

  • 13 pacientes foram submetidos a cateterismo cardíaco. Destes, 1 apresentava coronárias normais e os outros 12, lesões ≥ 90% em artéria descendente anterior.
  • Destes 12 pacientes com lesões detectadas, 10 foram submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica durante a internação.
  • Dos 16 pacientes que não foram operados, 12 (75%) evoluíram com infarto anterior extenos no período de semanas após a admissão.

Interessante que dos 26 pacientes avaliados, metade apresentava o padrão descrito já no primeiro ECG enquanto que a outra metade mostrou as alterações ao longo das primeiras 24 horas de internação, corroborando assim a importância da seriação de ECGs em pacientes com síndrome coronariana aguda.

Resumo: padrão plus-minus em V2 e V3 em paciente com dor torácica aguda é sinal bastante específico para a presença de lesão grave em artéria descendente anterior e para má evolução clínica caso o paciente não seja submetido à revascularização da lesão. Este critério eletrocardiográfico não é citado pela maioria das diretrizes de síndrome coronariana aguda mas precisa ser conhecido pelo médico que trata de pacientes com dor torácica aguda, sendo considerado indicação de cateterismo precoce pela maioria dos especialistas.

Referência: de Zwaan CBF, Wellens HJ: Characteristic electrocardiographic pattern indicating a critical stenosis high in left anterior descending coronary artery in patients admitted because of impending myocardial infarction. Am Heart J 1982;103:730–736

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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