Arritmia Emergências

“Cardioverter ou Não Cardioverter Fibrilação Atrial, Eis a Questão”

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português Español

Pacientes com fibrilação atrial (FA) paroxística sintomática costumam, pelo desconforto e preocupação, procurar rapidamente um serviço de emergência. Já no pronto-socorro, a tentativa de cardioversão química ou elétrica imediata costuma ser a regra. Como se sabe, neste cenário, a maioria das FA tendem a reverter espontaneamente nas primeiras 48 h. Desta forma, seria de fato necessário cardioverter imediatamente esta população de pacientes?

Para tentar responder essa questão 437 pacientes com FA de início recente (< 36 h), sintomáticos, mas estáveis hemodinamicamente, de 15 hospitais holandeses foram randomizados para uma de duas estratégias – 1. Cardioversão precoce, preferivelmente química com flecainida, ou elétrica (CVE) quando havia insucesso ou contraindicação ao fármaco. 2. Cardioversão tardia (wait-and-see). Nesta abordagem o paciente era submetido a controle de frequência com betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio ou digoxina. Quando havia melhora dos sintomas e FC ≤ 110 bpm ele recebia alta. No dia seguinte, uma visita hospitalar era programada o mais próximo possível das 48 h do início dos sintomas. Nesta consulta, o paciente realizava um ECG e se ainda estivesse em FA era encaminhado ao serviço de emergência para cardioversão tardia.

O desfecho principal do estudo foi avaliar a presença de ritmo sinusal após 4 semanas. Em pacientes com alto risco de acidente vascular cerebral que não vinham em uso de anticoagulação, essa era iniciada antes ou imediatamente após a cardioversão. Ecocardiograma transesofágico não foi realizado em nenhum paciente. Veja os resultados na tabela abaixo:

A conclusão dos autores foi que a estratégia de cardioversão tardia (wait-and-see) foi não inferior à cardioversão precoce, no que se refere ao achado de ritmo sinusal em 4 semanas.

Comentário: a flecainida, um antiarrítmico da classe IC de Vaughan Williams, não é disponível no Brasil, portanto a opção em nosso país seria a propafenona.

Referência:

  1. N Engl J Med. 2019 Mar 18. doi: 10.1056/NEJMoa1900353.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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