Arritmia Marcapasso

Quando Indicar CDI na Prevenção Secundária? Uma Abordagem prática.

Escrito por Pedro Veronese

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Não há consenso em relação à indicação do cardiodesfibrilador implantável (CDI) para prevenção secundária entre as diversas diretrizes (brasileiras, americana e europeia). Na figura a seguir, segue a visão do cardiopapers sobre o tema:

Veja alguns exemplos abaixo:

Caso Clínico 1:

Homem de 54 anos, com antecedentes de HAS e tabagismo dá entrada no serviço de emergência com quadro de dor precordial típica há 1 hora da entrada. ECG mostra supradesnivelamento do segmento ST de V1 a V6, DI e aVL. Enquanto era preparado para angioplastia primária apresentou PCR em FV sendo prontamente desfibrilado. Já no laboratório de hemodinâmica recebeu stent farmacológico no terço proximal da DA.

Comentário: não há indicação de CDI para prevenção secundária, pois a PCR em ritmo chocável foi na fase aguda de uma SCA, portanto com uma nítida causa reversível.

Caso Clínico 2:

Homem de 64 anos, com antecedentes de DM, tabagismo e 3 IAMs prévios evoluiu com quadro de angina. Realizou cineangiocoronariografia  que mostrou DAC extensa e com comprometimento triarterial. ECO com FE 40% (miocardiopatia isquêmica). Na discussão multidisciplinar da cardiologia foi optado pelo tratamento clínico exclusivo, pois não havia proposta de revascularização percutânea ou cirúrgica possível. Após 3 meses da alta, apresentou PCR em TVS sendo prontamente atendido pelo SAMU. Atualmente sem sequelas neurológicas.

Comentário: há indicação de CDI para prevenção secundária, pois apesar de ter uma causa potencialmente reversível, a isquemia causada por DAC difusa, neste caso específico, não há proposta possível de revascularização.

Caso Clínico 3:

Homem de 48 anos, com antecedente de miocardiopatia chagásica dá entrada no serviço de emergência devido a quadro de síncope. A monitorização cardíaca evidenciou uma TVS que foi prontamente cardiovertida eletricamente. ECO mostrou FE 30%.

Comentário: uma TV sincopal configura uma arritmia com instabilidade hemodinâmica. Como não há uma causa reversível, há indicação do implante de CDI para prevenção secundária.

Bibliografia:

  1. Relampa 2015;28(2 Supl):S1-S25
  2. Arq Bras Cardiol 2007; 89(6): e210-e237
  3. Circulation. 2018;138:e272–e391
  4. European Heart Journal (2015) 36, 2793–2867

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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