Arritmia

CHA2DS2-VASc ou CHA2DS2-VASc-R Escore? Qual Utilizar?

Escrito por Pedro Veronese

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Estudos prévios demonstraram que pacientes afro-americanos possuem maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) comparados aos caucasianos. Isso ocorre pela maior prevalência dos clássicos fatores de risco nessa população, como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito e pior estatus socio-econômico. Desta forma, um estudo americano levantou a hipótese de que o acréscimo da raça afro-americana ao CHA2DS2-VASc escore poderia predizer de forma mais acurada o risco de AVC em pacientes acima de 65 anos, criando o CHA2DS2-VASc-R (R = race).

Esse estudo retrospectivo avaliou mais de 460.000 pacientes do Medicare e atribuiu mais 1 ponto aos pacientes que eram afro-americados ao já consagrado CHA2DS2-VASc escore. Comparado o escore tradicional, o CHA2DS2-VASc-R foi melhor em predizer o risco de AVC nesta população.

Como fazemos para comparar dois escores? Como dizer se um deles é superior ao outro? Para se determinar se o CHA2DS2-VASc-R é melhor que o CHA2DS2-VASc escore em predizer a probabilidade de AVC é necessário avaliar a estatísca-C dos escores ou a área abaixo da curva ROC. Uma revisão mais detalhada sobre o assunto pode ser vista aqui.

Um escore prognóstico tem o objetivo de determinar a probabilidade de um determinado desfecho ocorrer no futuro. Para isso, utiliza-se a curva ROC, também conhecida como estatística-C. A área sob a curva ROC determina a probabilidade de um paciente ter o desfecho em comparação a um paciente sem o desfecho. Um bom escore prognóstico classifica um paciente com maior probabilide de ter o desfecho com uma pontuação maior em relação a um paciente sem o desfecho. Quanto mais próximo de 1, melhor é o escore prognóstico. O modelo com o CHA2DS2-VASc escore teve uma estatística-C 0,60 (0,59 a 0,61) comparado ao CHA2DS2-VASc-R com uma estatística-C 0,61 (0,60 a 0,62), portanto uma discreta melhora.

Algumas limitações deste estudo são: análise restrospectiva, só avaliou pacientes acima de 65 anos (portanto já tinham pelo menos 1 ponto no CHA2DS2-VASc), desta forma, todos os pacientes afro-americanos ganharam pelo menos 2 pontos no novo escore e, portanto, indicação de anticoagulação. Como existe consenso de que os pacientes com CHA2DS2-VASc ≥ 2 devem ser anticoagulados é importante ressaltar que o novo escore reclassificou apenas 1% dos pacientes que eram CHA2DS2-VASc 1 para 2.

O estudo concluiu que, em pacientes acima dos 65 anos, a adição da etnia no CHA2DS2-VASc escore melhorou significativamente a capacidade em predizer o desfecho AVC.

Nota do editor: o aumento da acurácia vista no estudo (estatística C passou de 0,6 para 0,61) é de importância clínica marginal.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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