ECG

Como entender eletrocardiograma de uma forma simples?

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Boa parte das pessoas quando tentar aprender a ver ECG termina decorando uma série de regras e parâmetros, mas termina não entendendo de fato a física por detrás do método. Basicamente, a grande maioria dos dados obtidos através do exame pode ser entendida através do conceito de vetores. É justamente aí que muitos se perdem. Neste post falaremos, de forma breve, de uma analogia simples que tenta desmistificar este conhecimento. Todas as figuras foram retiradas do nosso Manual de Eletrocardiografia Cardiopapers, disponível para compra online neste link.

Façamos uma analogia: imagine que você está em um estádio de futebol durante a noite, completamente escuro e que há uma ambulância com os faróis apagados e com a sirene ligada trafegando no campo. Você não consegue enxergar a ambulância na escuridão. Será possível, então, definir para onde a ambulância está se movimentando?

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  • Obviamente, isso não poderá ser feito pela visão; a escuridão é completa, mas é possível ,sim, ter uma noção da movimentação do veículo através do barulho de sua sirene. Como se sabe, à medida que uma ambulância se aproxima de uma pessoa, o som que esta escuta ca cada vez mais agudo. Quando ela se afasta, o contrário ocorre e o som torna-se cada vez mais grave.Imagine então que nós colocamos 3 pessoas espalhadas ao redor do campo.

    Podemos, então, pedir para que cada pessoa faça uma representação gráfica do que está escutando. Caso o som da ambulância esteja cando cada vez mais agudo, a pessoa desenha uma onda positiva (para cima). Se o som estiver cando cada vez mais grave (ambulância se distanciando), a pessoa faz uma curva para baixo (negativa). Por m, se o som estiver inicialmente cando mais agudo e, em um segundo momento, mais grave, a pessoa faz uma curva com a parte inicial para cima (positiva) e a parte final para baixo (negativa). Considerando que a ambulância estivesse saindo da esquerda para a direita, teríamos o que se vê na figura abaixo:

 

Ou seja, nesse caso não conseguimos ver o movimento de fato da ambulância devido à falta de luz no estádio, mas através de um outro dado (som), e com a ajuda de pessoas localizadas em diferentes pontos, podemos inferir como a ambulância está se movimentando no espaço do campo.
Na última figura, podemos resumir o movimento da ambulância através da seta localizada logo à sua frente. Esta representação nada mais é do que o que os físicos usam para exemplificar um vetor. O que é isto exatamente? Qualquer força que tenha amplitude, direção e sentido pode ser representada por um vetor. Para simplificar: no exemplo dado, o som da ambulância tem uma amplitude (quanto maior o volume da sirene, maior a sua amplitude), tem uma direção (no caso mostrado a direção é horizontal) e tem um sentido (no caso mostrado, da esquerda para a direita).
OK, mas o que é que danado que isso tem a ver com coração e ECG? No caso do coração, sabemos que através de uma série de mecanismos o mesmo é capaz de gerar energia elétrica. É essa energia que vai gerar os traçados vistos pelo eletrocardiógrafo. Mas como? Pelos mesmos princípios falados acima. O coração seria a ambulância que nós gostaríamos de enxergar mas não conseguimos porque ele está “escondido” dentro do tórax do paciente. Então, para conseguirmos dar um jeito nisso, podemos no lugar do movimento captar a energia elétrica emitida pelo órgão, da mesma forma que no caso da ambulância captamos o som emitido pela mesma. OK. No caso da ambulância quem escutava os sons eram pessoas colocadas ao longo do campo. E no ECG? Quem irá “escutar” a energia elétrica emitida pelo coração? Eletrodos que colocamos na superfície do corpo do paciente. Exemplo:
No caso acima colocamos 3 eletrodos no paciente (um em cada braço e um na perna esquerda). Considerando que o movimento complexo da energia elétrica gerada pelo coração pudesse ser simplificado, para fins de ensino, em apenas um vetor como mostrado na Figura abaixo, teríamos os traçados que vemos nessa figura em cada eletrodo.
Ou seja, através de apenas três eletrodos colocados no paciente, podemos inferir que a energia elétrica que percorre o coração está se movimentando da direita do paciente (nossa esquerda) para o lado contralateral. Se colocarmos mais eletrodos, podemos saber se esta energia está indo para cima ou para baixo, para frente ou para trás etc.
Simples, não? Eduardo, gostei das explicações. Como faço para aprender mais sobre ECG de uma forma simples? Como já dito, todas as informações mostradas acima vieram do nosso Manual de Eletrocardiografia Cardiopapers. Gostou da dica? Acesse nosso curso online de ECG para ver centenas de dicas similares.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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