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Os kits de dosagem de troponina ultrassensível (US) estão sendo cada vez mais usados no Brasil. Mas você sabe interpretar este exame? Aqui vão algumas dicas de como NÃO interpretar a troponina ultrassensível:
- troponina alterada = infarto. Já vimos porque este raciocínio está errado neste post.
- olhar para o resultado de uma forma binária: ou está normal ou está alterado. O resultado do exame mostra uma variável contínua, ou seja, pode haver níveis de 0,2, 0,32, 0,47, etc. Assim sendo, quanto maior for o resultado do exame, mais morte de miócitos está ocorrendo. Assim, sendo, um paciente com dor torácica aguda que tem a troponina US levemente acima do percentil 99 tem uma chance de cerca de 50% de estar sofrendo um infarto. Já outro paciente com os mesmos fatores de risco e o mesmo tipo de dor mas que possui a troponina 5x acima do percentil 99 tem 90% de chance de estar tendo um infarto.
- pedir o exame sem interpretar o ECG antes. A dosagem da troponina US não tem relevância diagnóstica se o ECG já mostrar supra de ST de causa isquêmica.
Referência: Twerenbold R et al. Clinical Use of High-Sensitivity Cardiac Troponin in Patients With Suspected Myocardial Infarction. J Am Coll Cardiol 2017.