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Curso básico de eco – dP/dT: o que é? Para que serve? Como interpretar?

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Já vimos em outro tópico métodos para estimar a fração de ejeção do ventrículo esquerdo. Nesta ocasião mencionamos que nem sempre a fração de ejeção reflete adequadamente a força contrátil do VE. Um bom exemplo disto é o pcte com insuficiência mitral crônica. Exemplificando:

Quando dizemos que o ventrículo esquerdo de um pcte normal ao final da diastóle tem 100 mL de sangue e ao final da sístole tem 40 mL de sangue, subentendemos que 60 mL de sangue foram ejetados durante a sístole ventricular. isto equivale a uma fração de ejeção de 60%. Quando avaliamos um pcte com regurgitação mitral, contudo, este raciocínio deixa de ser válido. Digamos que um pcte com IM moderada tem 100 mL de sangue no final da diástole e 40 mL de sangue no final da sístole. Consideremos ainda que 40 mL de sangue refluíram para o interior do átrio esquerdo durante a contração ventricular. Assim sendo, apenas 20 mL de sangue foram impulsionados para a aorta durante a sístole. A fração de ejeção calculada deste pcte contiuará sendo de 60% mas a força contrátil do seu VE pode ser bastante diferente do pcte do primeiro exemplo.

Para estimarmos então a função contrátil do VE em pctes com regurgitação mitral moderada/importante utilizamos outro artifício da ecocardiografia. É o chamado dP/dT. Este nada mais é que um cálculo que envolve a variação de pressão em um determinado intervalo de tempo. Quanto menos tempo o VE levar para aumentar a pressão em seu interior, mais eficaz é sua contratilidade. Como calcular isto?

Primeiro tem-se que obter o traçado do refluxo mitral através do doppler contínuo.

Aumentando-se a velocidade de varredura conseguimos “dar um zoom” no traçado. Calcula-se então o tempo que demora para a velocidade subir de 1 m/s para 3 m/s. Isto equivale a um aumento de pressão dentro do VE de 4 mmHg para 36 mmHg, ou seja, uma diferença de 32 mmHg. Quanto mais rápido isto ocorrer, maior será o dP/dT e consequentemente maior a contratilidade do VE.

Como interpretar?

Os valores citados na tabela variam de livro para livro. Neste caso citamos a referência do livro do Dr Castillo.

Exemplo prático da importância desta variável – Muitas vezes vemos pctes em pós-operatório de cirurgia mitral (troca valvar ou plastia) que apresentam queda importante da FE. Frequentemente surge a dúvida se isto é consequência de uma disfunção pré-operatória ou se foi o resultado de uma má preservação miocárdica durante a CEC. O simples cálculo do dP/dT no ecocardiograma pré-operatório pode nos auxiliar a diferenciar as duas situações.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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