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Devemos adiar cirurgias eletivas após COVID-19?

Escrito por Eduardo Lapa

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O que fazer frente a um paciente que teve COVID-19 recentemente e que vem para uma avaliação pré-operatória para um procedimento eletivo? Devemos adiar cirurgias eletivas após infecções por COVID? A sociedade americana de anestesiologia sugere que sim. Cirurgias eletivas em pacientes não vacinados deveriam ser adiadas até completar-se 7 semanas do diagnóstico de COVID. Mas, por quê?

Alguns estudos mostraram aumento eventos, incluindo mortalidade, em pacientes submetidos a procedimentos invasivos após as primeiras semanas de infecção pelo novo coronavírus. Esta relação parece ser mais significativa no primeiro mês após a infecção.

Ok, então quer dizer que qualquer procedimento invasivo deve ser suspendo sumariamente nas primeiras semanas após COVID, certo? Calma lá. Tudo depende do contexto e do risco x benefício. Imagine que você acabou de receber no consultório um paciente que teve COVID 4 semanas atrás e que vem cursando com angina estável nos últimos 3 meses. Ele traz o resultado do cate que você pediu o qual mostra lesão de 99% de tronco distal de coronária esquerda, com Syntax score de 35. Obviamente este paciente apresenta indicação de intervenção, sendo a cirurgia a via de escolha pelos guidelines já que o Syntax é bem elevado. Vale a pena ficar esperando mais 3 semanas (e assim completar as 7 semanas pós-COVID recomendadas pela sociedade de anestesia) para operar este paciente? Provavelmente não. Provavelmente o risco cardiovascular será maior que o risco do paciente complicar no pós-op (lembrando que no trabalho que mostrou aumento de mortalidade no pós-op de pacientes com COVID recente o desfecho não atingiu significância no período após 4 semanas do COVID). Como sempre, vale a pena usar o bom senso e discutir com o paciente os riscos e benefícios envolvidos.

E para pacientes vacinados? Quais as recomendações? Pois é. A sociedade de anestesia não faz uma recomendação clara sobre este cenário. Os estudos que avaliaram a relação de aumento de desfechos pós-operatórios em pacientes com passado recente de COVID avaliaram basicamente pacientes que não haviam sido vacinados.

Outro ponto relevante é que os estudos os quais a sociedade de anestesiologia se baseou não incluíam pacientes com a variante Omicron, a mais comum atualmente. O curso clínico da doença causada por esta variante costuma ser mais brando que as formas iniciais de COVID. Seria o período de tempo para procedimentos eletivos menor em pacientes infectados pela Omicron. Difícil dizer sem dados de estudos.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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