Arritmia

Digoxina aumenta a mortalidade em pacientes com FA?

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A digoxina continua sendo muito utilizada para controle de frequência cardíaca em pacientes com fibrilação atrial (FA), apesar das evidências de segurança e eficácia dessa droga serem limitadas.

Estudo publicado recentemente no JACC analisou os dados do TREAT-AF (The Retrospective Evaluation and Assessment of Therapies in AF) – pacientes acompanhados de 2004 a 2008 em um sistema de saúde norte-americano (Veterans Affairs). Foram avaliados pacientes com FA não valvar recentemente diagnosticados que passaram em reavaliação ambulatorial em 90 dias.

Foram no total 122.465 pacientes; desses, 28.679 pacientes (23,4%) receberam digoxina.

A taxa de mortalidade foi maior no grupo tratado com digoxina, comparado com o grupo que não recebeu essa droga (95 vs 67 por 1000 pessoas-ano; p < 0,001).

O uso da digoxina foi associado independentemente com uma maior mortalidade (HR 1,26), mesmo após ajuste para idade, sexo, presença de insuficiência cardíaca, disfunção renal ou uso concomitante de beta-bloqueadores, amiodarona ou varfarina.

Estudos prospectivos ainda são necessários para confirmar esses achados, mas por enquanto, seria prudente procurar alternativas ao uso da digoxina para controle de FC em pacientes com FA.

Na última diretriz brasileira de FA, a digoxina tem indicação classe I para controle de FC em repouso de pacientes com FA e disfunção ventricular e em indivíduos sedentários, e classe IIa em combinação com beta-bloqueadores ou bloqueadores de canal de cálcio não-dihidropiridínicos para controle de FC em repouso e durante o exercício.

Referência: Turakhia MP, Santangeli P, Winkelmayer WC, et al. Increased Mortality Associated With Digoxin in Contemporary Patients With Atrial Fibrillation. Findings From the  TREAT-AF Study. J Am Coll Cardiol 2014;64(7):660-668.

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

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