Emergências

Dissecção Coronária Espontânea – Existe diferença entre a ocorrência relacionada ou não à gestação?

Escrito por Alexandre Soeiro

Esta publicação também está disponível em: Português

Dissecção coronária espontânea é citada por alguns trabalhos como principal causa de infarto do miocárdio (IM) associado à gestação. Além disso, é importante causa de IM em mulheres jovens sem fatores de riscos cardiovasculares. A Mayo Clinic possui um registro virtual multicêntrico que de forma retrospectiva e prospectiva cadastrou mulheres com diagnóstico de dissecção coronária espontânea no período de 2011 até 2016. O objetivo disso foi descrever características clínicas e desfechos de gestantes que apresentaram dissecção coronariana relacionada com a gestação (P-SCAD) e comparar com a não relacionada (NP-SCAD).

O registro incluiu 323 pacientes que encaminhavam relatório médico, exames para o registro online e preenchiam questionários. 54  foram P-SCAD e 269 ND-SCAD. Considerou-se P-SCAD a dissecção coronária em gestantes ou até 12 semanas após o parto.

Observou-se diferença na idade média de 35 x 47 anos da apresentação entre os grupos P-SCAD e NP-SCAD. No entanto, de forma geral os fatores de risco clássicos foram semelhantes. Mulheres do grupo P-SCAD tinham maior número de gestações prévias e o primeiro filho com idade mais avançada. Além disso, apresentaram maior IM com supradesnível de ST, menor fração de ejeção (46% x 53%).

O insucesso relacionado à angioplastia foi de 20 a 35%. A mortalidade no seguimento foi zero, no entanto, a recorrência estimada de 10% x 23% entre os grupos P-SCAD e NP-SCAD.

Apesar de ser um estudo pequeno e de banco de dados, os autores inferem possí­veis mecanismos fisiopatológicos. Referem que efeitos hemodinâmicos na primeira semana pós-parto podem influenciar, assim como a ação do estrógeno na gestação agindo na estrutura vascular e propiciando maior chance de ruptura da camada íntima. Ainda são necessários novos estudos para estabelecer maneiras de prevenir sua ocorrência e determinar a melhor forma de tratamento.

Referência: J Am Coll Cardiol 2017;70:426-35.

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Sobre o autor

Alexandre Soeiro

Alexandre de Matos Soeiro

Médico Assistente e Supervisor da Unidade Clínica de Emergência - InCor (HCFMUSP).
Coordenador do Curso Nacional em Emergências Cardiológicas •
Coordenador da Liga de Emergências Cardiovasculares do InCor - HCFMUSP. •
Professor Convidado de Graduação do Terceiro, Quarto e Sexto Anos da FMUSP.
Médico Preceptor em Cardiologia - InCor - HCFMUSP - 2011.
Especialista em Cardiologia pela SBC.
Residência Médica em Cardiologia -InCor - HCFMUSP.
Especialista em Clínica Médica pela SBCM.
Residência em Clínica Médica - HCFMUSP.
Graduação em Medicina pela FMUSP.

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