Arritmia

Dronedarona: droga do futuro?

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A dronedarona é uma droga estruturalmente relacionada à amiodarona, mas livre de iodo, que é responsável por grande parte dos efeitos colaterais da amiodarona. É considerada anti-arrítmico da classe III, mas tem atividade eletrofisiológica multiclasse. Inibe canais de cálcio, potássio e sódio; tem atividade anti-adrenérgica não-competitiva e prolonga o potencial de ação.

É usada na dose de 400mg VO 2xd. Suas contra-indicações são: IC CF III-IV ou IC descompensada nas últimas 4 semanas, especialmente se FE < 35% (Classe III – AHA 2010); uso de outras drogas que prolonguem o QT, clearance de creatinina < 30mg/ml. Como efeitos colaterais, pode apresentar diarréia, bradicardia, prolongamento do intervalo QT. Não interfere com warfarina. Aumenta o nível sérico da digoxina em 1,7 a 2,5x.

Os estudos ADONIS e EURIDIS mostraram que o uso da dronedarona foi efetivo na redução da recorrência da FA em 12 meses.

Em pacientes com FA persistente, a dronedarona foi menos efetiva que a amiodarona em diminuir a recorrência da FA (63% x 42% no grupo amiodarona) – estudo DIONYSOS.

O estudo ATHENA testou o uso de dronedarona 400mg VO 2xd por 12 a 30 meses em pacientes com FA paroxística ou persistente ou flutter atrial. O uso da dronedarona levou a uma diminuição do desfecho composto morte por qualquer causa e hospitalização relacionada à FA (principalmente às custas de diminuição de hospitalização), além de diminuição da mortalidade cardiovascular. Em análise post-hoc, mostrou também uma redução na incidência de AVCi independente do esquema de anticoagulação.

Em pacientes com insuficiência cardíaca com descompensação recente ou com disfunção sistólica grave, o estudo ANDROMEDA mostrou um aumento da mortalidade com o uso da dronedarona em apenas 2 meses (mortalidade 8,1% x 3,8% no grupo placebo), relacionados à piora da IC (sem efeitos pró-arrítmicos).

O estudo ERATO, realizado em pacientes com FA permanente, mostrou também um benefício do uso da dronedarona no controle da freqüência cardíaca em pacientes mal-controlados em uso de beta-bloqueadores, digitálicos e bloqueadores de canal de cálcio. Houve redução da FC média de 24hs em 11,7 bpm e da freqüência ventricular ao esforço de 24,5 bpm.

Segundo as atualizações da diretriz do AHA, o uso da dronedarona pode ser considerado diminuir hospitalização por eventos cardiovasculares em pacientes com FA paroxística ou após cardioversão de FA persistente. (Classe IIa, NE B)

O fluxograma para manutenção do ritmo sinusal apresentado na diretriz do AHA pode ser visto no post publicado no dia 22 de dezembro de 2010. Como a dronedarona parece ter efeitos benéficos em desfechos cardiovasculares (o que ainda não foi provado para amiodarona), ela pode ser uma opção de droga anti-arrítmica para pacientes sem contra-indicações, mesmo sendo menos efetiva que a amiodarona, e pode também ser usada com segurança em pacientes com coronariopatia, doença hipertensiva e IC CF I ou II. Já para pacientes com IC CF III ou IV, com disfunção sistólica importante, ou com hipertrofia importante de VE, a amiodarona continua sendo a melhor opção.

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

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