Arritmia Emergências

Embolia Pulmonar é Causa Frequente de Síncope?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

Embolia pulmonar (EP), apesar de ser reconhecida como uma causa de síncope, é citada de forma bastante tímida nos guidelines sobre o tema. Desta forma, o diagnóstico de embolia pulmonar como causa de síncope muitas vezes é esquecido.

Recente estudo publicado, N ENGL J MED 2016; 375:1524-31, conduziu uma investigação sistemática de EP em pacientes internados com diagnóstico de síncope em 11 hospitais italianos. A investigação foi feita mesmo que houvesse uma causa mais provável para a síncope.

O diagnóstico de EP era descartado em pacientes que tinham probabilidade pré-teste baixa pelo score de Wells simplificado e um dímero-D negativo. Em todos os demais pacientes a EP foi descartada ou confirmada com cintilografia V/Q ou angiotomografia de artéria pulmonar.

Foram incluídos 560 pacientes no estudo, com média de idade de 76 anos, sendo que em 330 deles (58,9%), o diagnóstico de EP foi descartado pela baixa probabilidade pré-teste mais o dímero-D negativo. Entre os 230 restantes, EP foi identificada em 97 deles, ou seja, em 17,3% de todos os 560 pacientes. O diagnóstico de EP foi encontrado em 45 dos 355 pacientes (12,7%) que tinham uma explicação alternativa para a síncope e em 52 dos 205 pacientes (25,4%) que não tinham uma outra explicação para a síncope.

EP foi identificada em aproximadamente um sexto dos pacientes hospitalizados pelo primeiro episódio de síncope.

Algumas considerações importantes são: a maior parte dos pacientes que procuraram o serviço de emergência por causa de síncope não precisaram de internação hospitalar, pois eram casos de menor gravidade e de provável etiologia neuromediada. Os achados desse estudo referem-se apenas aos pacientes que precisaram de internação e que não vinham em uso de anticoagulantes. A presença do diagnóstico de EP foi mais frequente nos pacientes em que um diagnóstico alternativo para a síncope não foi encontrado. Além do mais, a correlação causal entre a EP e a síncope não pode ser comprovada principalmente nos pacientes que tiveram um quadro de EP mais discreto.

Concluímos que o diagnóstico de EP deve ser lembrado pelos profissionais que avaliam pacientes internados com síncope, que a probabilidade de EP aumenta em pacientes com fatores de riscos e que não tem uma outra causa mais provável para a síncope.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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