Insuficiência Cardíaca Nefrologia

EMPA-KIDNEY: empagliflozina é útil em pacientes renais crônicos?

Escrito por Denis

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Pesquisadores da Universidade de Oxford que executam o estudo EMPA-KIDNEY anunciaram no dia 16 de março que interromperam o estudo mais cedo devido à eficácia da medicação empagliflozina em pacientes com doença renal crônica (DRC). Este estudo, iniciado em abril de 2019, vem testando a segurança e a eficácia do inibidor de SGLT2 empagliflozina em cerca de 6.600 pacientes com doença DRC e é o terceiro grande estudo com os inibidores de SGLT2 testado em pacientes com DRC a ser interrompido precocemente devido a resultados positivos.

De fato, em 2020 o estudo DAPA-CKD, que utilizou outra droga desta mesma classe, a dapagliflozina, foi interrompido precocemente após acompanhamento médio de 2,4 anos, devido aos resultados positivos de eficácia. De forma análoga, em 2019, o mesmo aconteceu no estudo CREDENCE em que a de canagliflozina foi interrompida após acompanhamento médio de 2,6 anos.

O anúncio sobre os resultados do EMPA-KIDNEY não incluiu informações detalhadas sobre os resultados. No entanto, sabemos que o desfecho primário de eficácia no EMPA-KIDNEY foi um composto de:

  • Declínio sustentado na taxa de filtração glomerular estimada para <10 mL/min/1,73 m2
  • Morte de causa renal
  • Declínio sustentado de pelo menos 40% na TFG de base da linha de base
  • Morte cardiovascular.

Os resultados do EMPA-KIDNEY devem ampliar os critérios dos tipos de pacientes com DRC que se beneficiam do tratamento com um inibidor de SGLT2. O CREDENCE testou a canagliflozina apenas em pacientes com diabetes tipo 2 e albuminúria > 300mg/g, e no DAPA-CKD, dois terços dos pacientes inscritos tinham diabetes tipo 2 e todos tinham DRC com albuminúria > 200mg/g.

No EMPA-KIDNEY, cerca de metade dos 6.600 pacientes inscritos tinha diabetes.Os critérios de inclusão neste estudo foram:

  • Evidência de doença renal crônica com risco de progressão da doença renal definida por pelo menos 3 meses antes e no momento da visita de triagem.  Parâmetros objetivos – CKD-EPI TFG ≥20 a <45 mL/min/1,73m² oub.    CKD-EPI TFG ≥45 a <90 mL/min/1,73m² com razão albumina /creatinina ≥200 mg/g (ou razão proteína: creatinina ≥300 mg/g);
  • Estarem otimizados para IECA ou BRA
  • Um Investigador local julga que o participante não requer empagliflozina (ou qualquer outro inibidor de SGLT-2 ou SGLT-1/2), nem que tal tratamento seja inadequado;

A TFG média neste estudo foi 38 mL/min/1,73m2. No DAPA-CKD, a TFG mínima na inclusão tinha que ser ≥25 mL/min/1,73m2, e aproximadamente 14% dos pacientes inscritos tinham uma TFG <30 mL/min/1,73m2. A TFG média em DAPA-CKD foi de cerca de 43 mL/min/1,73m2. Além disso, todos os pacientes tinham pelo menos microalbuminúria, com uma razão mínima de albumina urinária para creatinina de 200. No CREDENCE, a TFG mínima para inscrição foi de 30 mL/min/1,73m2, e a TFG média foi de cerca de 56 mL/min /1,73m2. Todos os pacientes do CREDENCE tinham que ter relação albumina/creatinina urinária de mais de 300mg/g.

 

Principais critérios de exclusão:

  • Diabetes Melitos tipo 2 e doença cardiovascular aterosclerótica prévia e com TFG >60 mL/min/1,73m2
  • Pacientes recebendo tratamento combinado de IECA + BRA
  • Diálise ou transplante renal
  • Doença renal policística
  • Cirurgia bariátrica prévia ou programada
  • Cetoacidose nos últimos 5 anos
  • Hipotensão sintomática ou pressão arterial sistólica <90 ou >180 mmHg na triagem
  • Qualquer terapia de imunossupressão intravenosa nos últimos 3 meses; ou qualquer pessoa atualmente em > 45 mg de prednisolona (ou equivalente)
  • Gravidez atual, lactação ou mulheres com potencial para engravidar, a menos que use contracepção altamente eficaz
  • Diabetes melito tipo 1

O sucesso da empagliflozina no EMPA-KIDNEY segue seus resultados positivos nos estudos EMPEROR-Reduced e EMPEROR-Preserved, que em conjunto, demonstraram eficácia da empagliflozina em pacientes com IC sintomática. A empagliflozina também tem indicações para controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 e para reduzir o risco de morte cardiovascular em adultos com diabetes tipo 2 e doença cardiovascular estabelecida. Já a dapagliflozina recebeu essa indicação em abril de 2021 e a canagliflozina recebeu indicação para tratamento de pacientes com diabetes tipo 2, doença renal do diabetes com albuminúria em setembro de 2019.

Opinião:

Estamos diante de mais uma droga inibidora do SGLT2 para o tratamento de pacientes com DRC e que deve trazer benefícios para aqueles com doença mais grave. Adicionalmente, esperamos que este estudo aumente a indicação para pacientes não albuminúricos e com TFG >20mL/min/1.73m2.No entanto, devemos aguardar que em breve, ainda em 2022, os resultados definitivos devem ser publicados e analisar os resultados de forma crítica.

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