Valvopatias

Estenose mitral – correlação entre métodos de imagem e peça anatômica

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A estenose mitral é uma das valvopatias mais comuns no nosso país. A causa na enorme maioria dos casos é a febre reumática. Colocamos a seguir imagens de paciente com passado de comissurotomia mitral em 1984 que veio ao hospital com quadro de dispneia e edema de mmii. A radiografia de tórax revelou área cardíaca normal e importante congestão pulmonar:

O ecg inicial do pcte era o seguinte:

Tratava-se de um flutter com BAV 2:1 e FC ao redor de 135-140 bpm. Mas pode existir flutter com BAV 2:1 com FC que não seja 150 bpm? Sim! Caso o pcte esteja usando medicações cronotrópicas negativas a frequência atrial e ventricular podem se lentificar um pouco. Neste caso, o pcte estava em uso de digital.

As ondas F do flutter podem ser melhor notadas em ecg feito após uso de betabloqeuador IV:

Opa!!! Não é contraindicado fazer betabloqueador em pcte com congestão pulmonar? Nem sempre. A lógica de não se usar betabloqueador em pcte com congestão e, digamos, fração de ejeção de ventrículo esquerdo deprimida é que a medicação pode ter efeito cronotrópico negativo inicialmente. Isto pode prejudicar ainda mais a contratilidade do VE que já está comprometida. Já no caso de pacientes com estenose mitral pura, sem insuficiência mitral significante associada e com VE preservado, o uso do betaloqueador não causa grandes malefícios em relação à contratilidade do VE e ainda diminui a frequência cardíaca. Mas para isto é necessário que tenhamos convicção de que o VE possui função normal. Neste caso, isto foi demonstrado pelo eco transtorácico à beira do leito realizado na UTI.

Após controle da frequência cardíaca com o uso de betabloqueador e melhora da congestão pulmonar com o uso de diurético IV o pcte apresentou melhora importante dos sintomas.

Como o pcte apresentava escore de Wilkins alto, foi optado por cirurgia de troca valvar mitral. Imagens da valva do pcte, gentilmente cedidas pelo Dr Fábio Granja, cirurgião cardíaco do HC-UFPE. 

Acima vê-se o aspecto da mitral como se estivéssemos olhando dentro do átrio esquerdo do pcte. Nota-se fusão das comissuras.

Já na foto acima observa-se a valva mitral como se estivéssemos olhando dentro do VE do pcte. Observa-se importante espessamento do aparato subvalvar mitral.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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