Arritmia

Existe Relação entre Fibrilação Atrial e Demência?

Escrito por Pedro Veronese

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Demência é um quadro neurológico que leva à perda de funções cognitivas importantes como memória, capacidade de reconhecer coisas ou de realizar tarefas mais elaboradas. A doença de Alzheimer e a demência vascular correspondem aos tipos mais conhecidos de demência. O Alzheimer não tem sua fisiopatologia totalmente esclarecida, porém sabe-se que o depósito de substâncias amilóides leva à destruição neuronal. Já a demência vascular ocorre devido a microinfartos cerebrais.

A fibrilação atrial (FA) é a principal causa de acidente vascular cerebral isquêmico cardioembólico, portanto, é de se esperar que quanto mais FA, mais demência vascular ocorra. Bunch e colaboradores demonstraram, que após o diagnóstico de FA, o atraso no início da anticoagulação (ACO) por mais de 30 dias, está associado ao aumento do risco de demência. Portanto, quanto mais tardio o início da ACO, maior o risco de demência.

Mais de 26 mil pacientes com FA, com média de idade de 69 anos, que não recebiam ACO no momento do diagnóstico da arritmia e que não tinham demência foram acompanhados. Os achados foram que os pacientes que receberam dupla antiagregação plaquetária (aspirina e clopidogrel) apresentaram mais demência do que os pacientes que receberam varfarina. E entre os pacientes que receberam varfarina, quanto mais tardio o início, maior a incidência de demência.

Embora estudos observacionais não tenham força para trazer respostas definitivas, eles podem demonstrar associações interessantes. Cada vez mais há evidências de uma associação entre FA e demência, principalmente em pacientes que não são anticoagulados ou que o são tardiamente.

Concluímos que ensaios clínicos randomizados controlados devem ser realizados para dar uma resposta definitiva sobre o tema, porém essa associação vem ganhando força nos últimos anos. Por outro lado, nenhum estudo demonstrou até o momento, que o tratamento adequado da FA reduza demência.

Referências:

  1. J Cardiovasc Electrophysiol.2017 Aug;28(8):958-965. doi: 10.1111/jce.13261. Epub 2017 Jun 21.
  2. Eur Cardiol. 2016 Summer; 11(1): 49–53. doi:  15420/ecr.2016:13:2.
  3. Delayed Anticoagulation Linked to Dementia Risk in AF – Medscape-May 13, 2017.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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