Arritmia

Fibrilação Atrial Aumenta o Risco de Câncer em Mulheres?

Escrito por Pedro Veronese

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Recente estudo suíço, JAMA Cardiol.doi:10.1001/jamacardio.2016.0280, que analisou uma coorte prospectiva de 34.691 mulheres saudáveis seguidas por um tempo médio de 19,1 anos, demonstrou que mulheres que tinham o diagnóstico inicial de fibrilação atrial (FA) apresentavam uma incidência aumentada de diagnóstico de câncer principalmente nos 3 primeiros meses do diagnóstico de FA, mas que permanecia após esse período. Essa associação persistia significativa mesmo após ajustes multivariados de fatores confundidores.

Por outro lado, mulheres que foram diagnosticadas primeiramente com câncer tiveram uma incidência aumentada de FA apenas nos 3 primeiros meses do diagnóstico do câncer. O câncer mais frequentemente diagnosticado foi a neoplasia de cólon.

O mecanismo fisiopatológico por trás dessa associação encontrada ainda não é bem entendido, porém alguns pontos são importantes: 1. Como a maioria dos cânceres foram diagnosticados nos 3 primeiros meses do diagnóstico de FA, o mais provável, é que eles já estivessem lá, mesmo antes da FA. 2. Essas duas doenças, FA e câncer, compartilham fatores de riscos comuns, como: obesidade, tabagismo e etilismo. 3. Essas duas doenças tem características sistêmicas com ativação da cascata inflamatória e do estresse oxidativo. 4. Mesmo após o ajuste multivariado, fatores confundidores residuais podem permanecer. 5. Existe um claro viés de detecção, pois mulheres com FA são mais expostas a avaliação médica, o que aumenta a chance de detecção de câncer e vice-versa. 6. O uso de anticoagulantes, vastamente empregados na fibrilação atrial, aumenta o risco de sangramentos gastrointestinais, o que leva ao aumento da procura de lesões neoplásicas.

Concluímos que esse estudo mostra uma clara associação entre FA e câncer em mulheres, pois essas duas doenças compartilham de vários fatores de riscos comuns. Porém, a relação causal, ou seja, a FA como causadora de câncer, não pode ser estabelecida e merece ser avaliada em futuros estudos.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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