Arritmia Prevenção

Fibrilação Atrial é uma Doença Prevenível?

Escrito por Pedro Veronese

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Pesquisadores chineses tentaram responder essa pergunta publicando um recente artigo no Jornal do Colégio Americano de Cardiologia, J Am Coll Cardiol. 2017 Apr 18;69(15):1968-1982. Apesar dos inúmeros avanços na ablação por cateter, é evidente que as taxas de recorrência de fibrilação atrial (FA) ainda permanecem muito elevadas. O mesmo ocorre com a utilização de anti-arrítmicos. Desta forma, o que se pode fazer para prevenir a doença? E mais, o que se pode fazer para evitar a sua recorrência?

Os autores desse estudo demonstraram quais são os fatores de riscos modificáveis que podem contribuir para a incidência elevada de FA no mundo, assim como para a sua recorrência. Os fatores foram agrupados em três categorias: fatores modificáveis relacionados ao estilo de vida (abuso de álcool, tabagismo, sedentarismo, estresse e dieta inadequada); fatores de risco cardiovascular (obesidade/sobrepeso, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia e apneia do sono) e doenças cardiovasculares, como por exemplo: doença de artéria coronária e insuficiência cardíaca.

Após uma extensa revisão os autores concluíram que:

  1. O consumo de álcool aumenta o risco de FA. Uma parcela significativa de FA poderia ser prevenida se a bebida alcoólica fosse evitada.
  2. Atividade física de moderada intensidade é um fator protetor contra a FA.
  3. Estresse e fatores emocionais negativos aumentam o risco de FA.
  4. O tabagismo é a principal causa de morte prevenível em todo o mundo e também é um fator de risco maior para FA.
  5. Dietas gordurosas e ricas em sódio contribuem para a obesidade e hipertensão arterial, que são fatores de risco conhecidos para FA.
  6. A obesidade e o sobrepeso são fatores de risco independentes para FA.
  7. A hipertensão arterial sistêmica é o mais importante fator de risco modificável para FA. O uso de inibidores da ECA e bloqueadores do receptor de angiotensina podem reduzir esse risco.
  8. Prevenir o diabetes pode ajudar a reduzir o risco de FA.
  9. Dados sugerem que a apneia do sono é um importante fator de risco para FA, porém ainda não há sólidas evidências de que o CPAP reduza esse risco.
  10. Metanálises sugerem que a relação entre dislipidemia e FA, assim como a ação protetora das estatinas, continua incerta.
  11. A prevenção e o tratamento adequado da doença de artéria coronária reduz a chance de FA.
  12. A prevenção e o tratamento adequado da insuficiência cardíaca reduz a chance de FA.

Concluo dizendo que a FA não é apenas um problema elétrico do coração. Os avanços na ablação por cateter são conquistas valiosas para o manuseio desses pacientes, mas se os demais fatores elencados acima não forem abordados e tratados de forma adequada, a chance de se desenvolver FA ou de se ter recorrência da mesma após uma ablação bem sucedida são bastante elevadas.

Não sabe quando indicar ablação de FA. Veja este post.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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