Miscelânia

Hemoglobina glicada: o que é? Para quê serve? Quando não usar?

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Cerca de 97% da hemoglobina circulante no sangue de uma pessoa normal são hemoglobina A (constituída por duas cadeias alfa e duas cadeia beta). Os níveis circulantes de glicose no sangue fazem com que parte desta HbA sofram glicosilação, gerando a chamada hemoglobina glicada (HbA1c). Esta está presente em qualquer pessoa normal, sendo o seu nível fisiológico em torno de 5% do total das moléculas de HbA. Por isso que no exame laboratorial vem dizendo que a hemoglobina glicada normal fica <5% (podendo haver variações de acordo com o local – alguns colocam <4,5%, etc).

Quanto maiores forem os níveis de glicose no sangue, maior será a glicosilação das moléculas de HbA, resultando assim em maiores níveis de HbA1c. Ou seja, pacientes diabéticos obviamente possuem níveis de HbA1c elevados.

Valores de HbA1c ≥ 6,5% são considerados diagnósticos de diabetes mellitus.

A hemoglobina glicada reflete os níveis séricos de glicose dos últimos 2-3 meses. Por quê? Basicamente isto dependerá da meia-vida das hemácias. A glicosilação da hemoglobina é irreversível. Assim sendo, uma vez tendo acontecido, só com a destruição daquela hemácia com hemoglobina glicosilada e a reposição por uma nova que os níveis de HbA1c tenderiam a voltar ao normal.

Quais as vantagens da HbA1c sobre a glicemia para estabelecer o diagnóstico de diabetes?

1- não é afetada por fatores agudos como infecção, stress, exercícios

2- não requer jejum 

3- reflete melhor o controle glicêmico em longo termo

Quando não usar?

1- hemoglobinopatias: doenças como anemia falciforme e talassemia alteram a quantidade de HbA circulante. Assim, logicamente, a quantidade de HbA1c também será alterada (subestimada), não sendo portanto confiável para diagnóstico de DM. Mesmo pacientes com traços destas doenças apresentam alteração nos níveis de HbA.

2- hemólise ou perda aguda de sangue: nestes casos a meia-vida das hemácias fica bem menor do que o normal. Desta forma, os níveis de HbA1c ficam subestimados.

3- Gestantes: não há nível definido de HbA1c para diagnóstico de diabetes gestacional. Nestes casos, o teste recomendado para o diagnóstico continua sendo o teste oral de tolerância à glicose.

4- Adolescentes/crianças: de forma similar às gestantes, não há níveis bem estabelecidos nestes grupo para o diagnóstico de DM.

Referência: Hemoglobin A1c and Cardiovascular Disease. Gore MO et al. J Am Coll Cardiol. 2016. 

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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