Valvopatias

Insuficiência tricúspide: já ouviu falar na TricValve?

Escrito por Tiago Bignoto

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Os impactos da insuficiência tricúspide já estão cada vez mais claros e estabelecidos e, há mais de 10 anos, entendemos não ser uma valvopatia indolente e inofensiva. A sobrecarga volêmica ao longo dos anos tem impacto direto na sobrevida desses indivíduos, além da piora na qualidade de vida. Especificamente nesse ponto, a qualidade de vida é impactada diretamente pela congestão venosa sistêmica ocasionada pela regurgitação. Desde sintomas como pressão em hipocôndrio direito e edema de membros inferiores, passando por adinamia e fadiga até caquexia cardíaca são queixas comuns e que impactam no dia a dia do indivíduo acometido. Dessa forma em pacientes com insuficiência, a disfunção da valva tricúspide deixa com que todo esse excesso de volume seja despejado no leito venoso sistêmico. Tentando evitar as repercussões dessa sobrecarga, foi desenvolvido um dispositivo duplo para implante em ambas as cavas, recriando válvulas nessas topografias. Ele é chamado de Tricvalve. Veja como funciona no vídeo abaixo:

De forma prática, são folhetos costuradas em um stent desenhado para implante em leito venoso, no formato das veias cavas superior e inferior. Isso gera uma proteção sistêmica para a regurgitação, mas como não corrige a regurgitação em si, mantém as cavidades direitas (átrio e ventrículo direitos) lidando com essa sobrecarga volêmica. A evolução para dilatação e disfunção sistólica pode ser um fator preocupante e com desfechos negativos no longo prazo, mas que ainda não foram estudados.

Mesmo em pacientes com marcapasso implantado podemos submeter à colocação do TricValve sem maiores complicações, o que difere de alguns dispositivos já desenvolvidos para tratamento nessa topografia.

Como a dinâmica do dispositivo é proteger o leito sistêmico, a dilatação atrial pode se extender à conexão com a veia cava superior, moldando essa anatomia em forma cônica. Assim, alguns casos demandam de ancoragem mais adequada nessa posição para evitar embolização tardia.

Como se trata de dispositivo recentemente desenvolvido, a casuística mundial é muito limitada e a maioria dos estudos se limita a casos de implante compassivo. No entanto, os resultados iniciais são interessantes e apontam para uma linha de desenvolvimento promissora.

Um dos riscos desse procedimento ainda é a migração tardia da prótese, pois, mesmo sendo um leito de baixa pressão, por ser implantada em leito venoso, a força radial não é muito elevada pelo risco de ruptura. Assim, o acompanhamento ainda deve ser próximo com métodos multimodalidade.

Há uma lista imensa de dispositivos sendo desenvolvidos e aplicados nas mais diversas valvopatias. Ao compreendermos os mecanismos fisiopatológicos de cada disfunção, podemos ter insights para dispositivos que atuem em determinados aspectos. Assim, surge o TricValve, um implante bicaval de próteses valvadas.

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Tiago Bignoto

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