Arritmia

Ivabradina – Você Sabe Utilizar Esta Medicação?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

 A ivabradina é uma medicação que atua no nó sinusal, inibindo de forma específica e seletiva a sua corrente “If”, que modula o influxo das correntes iônicas. Isso faz com que ocorra redução da frequência cardíaca no repouso e no esforço. Pelo motivo acima, fica bastante claro que essa medicação só deve ser utilizada quando o paciente se encontra em ritmo sinusal.

A dose recomendada inicialmente é de 5mg duas vezes ao dia. Havendo boa aceitação e objetivando-se chegar a uma frequência cardíaca de 50-60bpm, após duas semanas, a medicação pode ser elevada para 7,5mg duas vezes ao dia, que é a sua dose máxima.

A principal indicação da ivabradina é para insuficiência cardíaca sistólica. O seu uso para angina estável e taquicardia sinusal inapropriada é off-label, não sendo liberada pelo FDA, mas a medicação é recomendada pelas respectivas sociedades.

Principais indicações:

1.    Insuficiência cardíaca (IC): estudos demonstraram que o uso dessa medicação em associação ao tratamento convencional da IC, inclusive betabloqueadores (BB), reduziu o desfecho combinado de admissão hospitalar por IC e morte por IC em paciente com disfunção ventricular esquerda.

2.    Taquicardia sinusal inapropriada (TSNI): esta é uma condição clínica rara, aonde uma taquicardia sinusal NÃO é secundária à situações frequentes como: febre, dor, choque, hipotensão, desidratação, hipoxemia, hipertireoidismo e etc. Nessas situações acima, a taquicardia sinusal é compensatória e o uso da ivabradina é contraindicado. A associação de ivabradina com betabloqueadores (BB) é frequente e possível na TSNI.

3.    Angina pectoris: apesar de todo os avanços nas revascularizações percutâneas e cirúrgicas, um grupo não desprezível de paciente permanece com angina refratária. A associação da ivabradina ao tratamento otimizado para angina, inclusive com uso de BB, demonstrou melhora dos sintomas.

 

Principais efeitos colaterais:

Bradicardia, alterações visuais, hipertensão arterial e fibrilação atrial.

 

Principais contraindicações:

1.    IC aguda descompensada.

2.    Hipotensão arterial (PA < 90x50mmHg).

3.   Doença do nó sinusal, bloqueios sino-atriais e bloqueio atrioventricular total.

4.    Pacientes dependentes de marcapasso.

5.    Doença hepática grave.

6.    Uso em associação com medicações que atuam no citocromo CYP34A: atazanavir, claritromicina, indinavir, itraconazol, lopinavir, ritonavir, voriconazol e etc.

 

Concluímos que a ivabradina deve ser introduzida na IC quando o paciente já está com dose máxima de BB tolerada ou tem contraindicação ao uso desta medicação e permanece com frequência cardíaca ≥ 70bpm. O cenário mais estudado foi em paciente com ritmo sinusal e FE ≤ 35%. O uso de BB, principalmente o carvedilol, bisoprolol e metoprolol, são sempre a primeira escolha. Na angina estável e TSNI, apesar do uso off-label, essa medicação pode ser bastante útil, principalmente em associação com BB.

Referências:

  1. Yancy CW, Jessup M, Bozkurt B, et al. 2016 ACC/AHA/HFSA Focused Update on New Pharmacological Therapy for Heart Failure: An Update of the 2013 ACCF/AHA Guideline for the Management of Heart Failure: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Failure Society of America. J Am Coll Cardiol 2016; 68:1476.
  2. Sheldon RS, Grubb BP 2nd, Olshansky B, et al. 2015 heart rhythm society expert consensus statement on the diagnosis and treatment of postural tachycardia syndrome, inappropriate sinus tachycardia, and vasovagal syncope. Heart Rhythm 2015; 12:e41.
  3. Fihn SD, Blankenship JC, Alexander KP, et al. 2014 ACC/AHA/AATS/PCNA/SCAI/STS focused update of the guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic heart disease: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines, and the American Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol 2014; 64:1929.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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