Prevenção

Já conhece a especialidade medicina do estilo de vida?

Escrito por Giordano Bruno

Esta publicação também está disponível em: Português

Já ouviu falar na especialidade medicina do estilo de vida? Recentemente, a American Heart Association (AHA) lançou um artigo com orientações práticas para profissionais de saúde estarem por dentro deste campo da prevenção.

O artigo inicia comentando o reduzido número de vezes durante a consulta médica que orientações básicas como alimentação, atividade física, qualidade do sono e maus-hábitos como cigarro são abordados, justificando isso por baixa percepção dos efeitos, consultas rápidas, falta de recursos de suporte, centralização da consulta em medidas medicamentosas e, principalmente, falta de treinamento específico para promover o entendimento e engajamento do paciente.

Para começo de conversa, há 5 pilares do estilo de vida saudável:

Desses campos, um que já possui uma abordagem sistematizada bem definida é o combate ao tabagismo. É a conhecida estratégia dos 5 As (do inglês Assess, Advise, Agree, Assist e Arrange). E se usássemos essa mesma abordagem para os outros 4 pilares do estilo de vida saudável? Os 5 As então ficariam algo como:

1 ) Assess – Avaliar o conhecimento que o paciente tem, seu entendimento sobre o impacto da adoção de estilo de vida saudável e o quanto ele está disposto a se engajar. Usando perguntas com respostas curtas e já facilitando os próximos passos de acordo com a situação.

2 ) Advise – Aconselhar o paciente promovendo toda a informação sobre os fatores de risco, quais são os hábitos saudáveis e importantes e quais maus-hábitos precisam ser evitados. O foco principal são nas informações desconhecidas ou errôneas do paciente em relação ao entendimentos e as estratégias de promover saúde (mostrar que o caminho com ajuda pode ser muito mais fácil que ele imagina). É importante nesse ponto já ter um feedback do paciente sobre suas dúvidas e questionamentos para ajustar as próximas estratégias.

3 ) Agree – Aceitar : transformar as orientações vagas sobre estilo de vida em orientações práticas, objetivas e sobretudo mensuráveis e proporcionais ao obtido nas etapas anteriores. Exemplo: Ao invés de orientar sobre praticar uma atividade física intensa em um indivíduo completamente sedentário, inicie com caminhadas curtas ou mesmo estimule ele a através do uso de aplicativos de celular estabelecer metas diárias de números de passos.

4 ) Assist – Assistência : tem o objetivo de manter o encorajamento e reduzir as barreiras pessoais em relação ao que foi determinado no passo anterior. Após um feedback do paciente em relação a sua autonomia, competência e soluções encontradas (se lembre que cabe o paciente a escolha), encontrar os possíveis entraves que possam surgir e assistir o paciente com avaliações de custo-benefício, mostrando novas idéias ou estratégias que podem ser baseadas em experiências prévias bem sucedidas, além de usar as próprias competências do paciente a favor. Nessa fase, respeitando a liberdade de escolha do paciente, podem ser sugeridos desvios de rota ou mesmo mudanças radicais de planos.

5 ) Arrange – Acomodação / Acompanhamento (organização) : fase de acompanhamento e feedback das ações implementadas, com novas consultas em que o paciente sumariza suas ações no mundo real, preferencialmente usando os objetivos mensuráveis previamente definidos. Nessa fase a narrativa médica será direcionada e proporcional às ações iniciadas pelo paciente, promovendo mais entendimento do processo seja por explicações ou oferecendo material para estudo (textos, áudios, vídeos, plataformas, etc). Essa é a fase de MONITORAÇÃO e que acontece em conjunto com mais orientações ou mesmo ajustes de curso em relação às metas.

De maneira ideal, todo esse processo deverá ser feito com equipe multidisciplinar que esteja familiarizada com essa metodologia: enfermagem, nutricionista, educadores físico, em alguns casos psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros especialistas.

Outro ponto importante é que agir em poucos ou somente 1 pilar do estilo de vida em muitas situações pode ser muito mais fácil, prático e com maior chance de sucesso, inclusive porque mesmo isoladamente já promove um grande impacto na saúde cardiovascular (vejam por exemplo o abandono do fumo, fator modificável de maior impacto na análise do estudo INTERHEART). Essa abordagem mais concentrada pode ser mais viável inclusive considerando os fatores de risco que o paciente apresenta, e muitas vezes pode ser a porta de entrada para conseguir todos os 5 pilares.

Nos próximos posts, vamos detalhar melhor como abordar o paciente em relação a cada um dos pilares, iniciando pela parte de alimentação.

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Sobre o autor

Giordano Bruno

Médico Cardiologista e Ecocardiografista formado pela UFPE
Supervisor da residência em cardiologia do Hospital Agamenon Magalhães - SES/PE
Coordenador dos protocolos da cardiologia do Realcor / Real Hospital Português/PE

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