Arritmia

Já Ouviu Falar de Biomarcadores na Fibrilação Atrial?

Escrito por Pedro Veronese

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Não é de hoje que pesquisadores de vários centros do mundo procuram biomarcadores que se correlacionem com o risco de se desenvolver fibrilação atrial (FA).

Biomarcadores relacionados com a produção e deposição excessiva de colágeno têm sido descritos em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e estão associados a piores desfechos nesta população – são eles: CCL+ (biomarker associated with excessive myocardial collagen type-1 cross-linking) e CD+ (biomarker associated with excessive myocardial collagen type-1 deposition). Um estudo espanhol recentemente publicado no JACC mostrou resultados promissores neste campo. Seus autores investigaram se a combinação dos biomarcadores CCL+ e CD+ se associou com fibrilação atrial, visto que um dos seus substratos é a fibrose atrial.

Esses biomarcadores foram analisados em amostras de sangue de 242 pacientes com IC (Estudo 1) e em 150 pacientes encaminhados para ablação de FA (Estudo 2). Os pacientes foram classificados em 3 grupos (CCL-CD- / CCL+CD- ou CCL-CD+ / CCL+CD+).

No Estudo 1, 53,7% dos pacientes tinham FA de base e 19,6% desenvolveram esta arritmia num seguimento médio de 5,5 anos. O grupo de pacientes com CCL+CD+ apresentou um maior risco de FA com Odds e Hazard Ratios ≥ 3,3 (P ≤ 0,05) em comparação aos pacientes do grupo CCL-CD-.

No Estudo 2, 29,3% dos pacientes tiveram recorrência de FA durante o primeiro ano pós-ablação. O Hazard Ratio para recorrência de FA foi de 3,4 (P=0,008) para o grupo CCL+CD+ em comparação ao grupo com ambos os biomarcadores negativos. Os pacientes com CCL+CD+ também apresentaram menores voltagens nos mapas eletroanatômicos, o que demonstra maior presença de fibrose.

A conclusão dos autores foi que os biomarcadores acima, que se relacionam com produção e deposição excessiva de colágeno e, portanto, fibrose, estão associados com maior prevalência e incidência de FA, além de recorrência após ablação.

Comentário do Cardiopapers: a medicina, cada vez mais, vem tentando propor tratamentos individualizados. Com este objetivo, escores que levem em consideração não apenas aspectos clínicos, mais também dados de exames complementares como os biomarcadores, poderão, num futuro próximo, oferecer essa abordagem singular para cada indivíduo.

Referências:

  1. Ravassa S et al. Combination of Circulating Type I Collagen-Related Biomarkers Is AssociatedWith Atrial Fibrillation.J Am Coll Cardiol. 2019 Apr 2;73(12):1398-1410.
  2. Shah KS, Held EP.Utilizing Biomarkers to Refine RiskPrediction in Atrial Fibrillation: A Step Toward Precision Medicine.J Am Coll Cardiol. 2019 Apr 2;73(12):1411-1412. doi: 10.1016/j.jacc.2018.10.092.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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