Arritmia ECG Emergências Marcapasso

Já Ouviu Falar do Furacão Irma? E de Tempestade Elétrica?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

Não, não é um fenômeno meteorológico! Tempestade elétrica (TE) é um estado de instabilidade elétrica cardíaca manifestada por vários episódios de taquiarritmias ventriculares dentro de um curto período de tempo. Embora a definição apresente algumas variações entre os autores, considera-se:

1.    Em pacientes sem CDI: ocorrência de dois ou mais episódios de TV com instabilidade hemodinâmica em 24h.

2.    Em pacientes com CDI: ocorrência de duas ou mais detecções apropriadas de TV em 24h, tratadas por ATP, choque ou não tratadas, porém sustentadas em uma zona de monitorização.

Antes da era do CDI, a tempestade elétrica era uma condição associada a alta mortalidade. Atualmente, essa condição ganhou relevância pelo aumento da sobrevida desta população portadora de dispositivos eletrônicos.

A TE, na maioria dos casos, é causada por taquicardias ventriculares monomórficas, embora as taquicardias ventriculares polimórficas possam aparecer em até 7% dos casos.

Há várias estratégias para o manuseio de pacientes com TE. Veja as principais a seguir:

1.    Corrija os distúrbios hidroeletrolíticos (principalmente magnésio, potássio e cálcio).

2.    Reduza os gatilhos isquêmicos com: beta-bloqueadores, angioplastia, BIA e dispositivos de assistência ventricular.

3.    A amiodarona é o fármaco antiarrítmico de escolha em taquicardias ventriculares monomórficas.

4.    Taquicardias ventriculares polimórficas podem ser tratadas com isoproterenol, marca-passo transvenoso (elevação da frequência cardíaca), sulfato de magnésio e bloqueadores de canal de cálcio (ex. extrassístole de acoplamento ultra-curto).

5.    Ablação por radiofrequência é a principal arma contra a TE, principalmente em taquicardias ventriculares monomórficas. Em taquicardias polimórficas, a ablação pode ser tentada quando for possível ablacionar o “trigger” da arritmia. A ablação das artérias renais e a simpatectomia podem ser tentadas com resultados promissores.

6.    Reprogramação do CDI aumentando o intervalo de monitoramento e adicionando ATP podem ser uma boa estratégia.

7.    O transplante cardíaco costuma ser o último passo.

Referências:

1.    Heart Rhythm. 2015 Dec;12(12):2419-25.

2.    Basic Res Cardiol. 2013 Mar;108(2):336.

Banner Atheneu

Banner Atheneu

Banner Atheneu

Banner ECG

Deixe um comentário

Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

Deixe um comentário

Seja parceiro do Cardiopapers. Conheça os pacotes de anúncios e divulgações em nosso MídiaKit.

Anunciar no site