Lípides Prevenção

Meu paciente em uso de estatina tornou-se diabético: o que fazer?

Escrito por Eduardo Lapa

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Dona Maria possui 54 anos e veio para consulta com seu cardiologista para fazer um check. Ela possui sobrepeso (IMC 27) e os exames mostram LDL 192 mg/dL e glicemia de jejum de 116 mg/dL. O médico prescreve rosuvastatina 20 mg.d. Após 3 meses a paciente volta com novos exames que mostram LDL 90 mg/dL e GJ 130 mg/dL. Ela diz ter procurado no google e visto que estatinas, principalmente em doses altas, podem causar diabetes. O que fazer com essa paciente? Suspender a estatina? Manter a medicação?

Já vimos em post prévio que estatinas podem aumentar discretamente o risco de surgimento de novos casos de diabetes mellitus. A conclusão deste post foi:

  • Sim, estatinas parecem aumentar o risco de DM mas este impacto é de pequena monta e é contrabalanceado por uma diminuição de risco cardiovascular. Ou seja, não há motivos para deixar de prescrever estatina para um paciente com indicação precisa para esta medicação devido ao risco de DM. O risco (aumento de casos de DM) parece ser menor que o benefício (diminuição de eventos cardiovasculares).

Hoje, voltamos ao assunto para ratificar orientação dada na última diretriz de lípides da American Heart:

  • Se o seu paciente que está em uso de estatinas desenvolve diabetes ao longo do tratamento, NÃO se deve interromper o uso do hipolipemiante. O correto é reassegurar o paciente dos benefícios da medicação e enfatizar a necessidade de mudança de estilo de vida como exercícios físicos regulares, alimentação adequada, etc. 

Voltando ao nosso caso:

A paciente possui níveis bem elevados de LDL. Estes precisam ser confirmados idealmente em uma segunda dosagem. Níveis acima de 190 mg/dL são indicação formal para tratamento com estatinas. Além disso, a paciente deve ser investigada para hipercolesterolemia familiar. Os benefícios da estatina aí são bem marcados. Por outro lado, ela já possuía níveis aumentados de GJ. O que se questiona dos estudos de estatina x diabetes é que possivelmente estes pacientes que recebem a medicação tem outras características de estilo de vida que predispõe ao surgimento do DM. No caso dessa pcte, portanto, a conduta é manter a rosuva (até porque a resposta foi excelente) e intensificar exercício físico, alimentação saudável e perda de peso.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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