Arritmia

Meu paciente esqueceu de tomar o novo anticoagulante: como orientá-lo?

Escrito por Eduardo Lapa

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Dúvida frequente perguntada pelos pacientes no consultório: doutor, caso esqueça de tomar o meu anticoagulante, como faço? Tomo o dobro da dose na próxima vez? Posso tomar atrasado mesmo? Quando falamos de algum novo anticoagulante (NOAC) temos sempre de lembrar que sua meia-vida é curta (12 a 24h). Assim, uma dose omitida já aumenta o risco de eventos isquêmicos. Quando estamos falando da varfarina, a omissão de uma dose costuma ser mais “benigna” uma vez que a meia-vida da medicação é bem longa e assim as chances de um paciente sairá de faixa terapêutica do INR por causa de uma dose perdida é bem menor.

Resumindo, você pode orientar o paciente desta forma:

  • Caso não tenha passado mais do que 50% do tempo de meia-vida da droga, toma-la normalmente.
  • Caso tenha passado mais do que 50% do tempo de meia-vida da droga, “pular” a dose e retomar o uso normalmente no próximo horário.

Como assim?

Exemplo 1: Paciente usa apixabana 5 mg de 12/12h. Costuma ingerir a medicação às 7h e às 19h. O tempo de meia-vida da droga é de 12h uma vez que a medicação é tomada 2x ao dia. Caso o paciente esqueça a dose das 7h e se recorde disto às 11h da manhã, por exemplo, pode tomar esta dose atrasada sem problemas. Passaram-se 4h do horário normal, ou seja, menos de 50% da meia-vida da medicação. Já se o paciente lembrar-se da dose perdida no meio da tarde, aí é melhor deixar quieto e tomar a dose das 19h normalmente “esquecendo” a dose das 7h.

Exemplo 2: Paciente usa rivaroxabana 20 mg.d. Costuma tomar a medicação junto com o café-da-manhã às 6h. Como a medicação é usada 1x ao dia, sua meia-vida é de 24h. Assim, metade da meia-vida são 12h. Se o paciente esquecer-se da dose de hoje mas lembrar-se disto até as 18h, pode tomar a dose no momento que lembrar. Caso passe das 18h, aí deixar quieto, “pular” a dose de hoje e voltar a tomar amanhã normalmente.

Referência: Steffel J, et al. The 2018 EuropeanHeart RhythmAssociation PracticalGuide on the use of non-vitamin K antagonist oral anticoagulants in patients with atrial fibrillation. European Heart Journal (2018) 00, 1–64 doi:10.1093/eurheartj/ehy136

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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