Insuficiência Cardíaca

Meu paciente fez disfunção ventricular durante quimioterapia. E agora?

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Texto escrito por Mônica Samuel Avila, doutora pela FMUSP e médica assistente do Incor-HCFMUSP. A disfunção ventricular secundária à cardiotoxicidade deve ser tratada conforme as diretrizes de insuficiência cardíaca.[1] O envolvimento do cardio-oncologista é sempre recomendado visto que existe a decisão de continuar ou interromper o tratamento quimioterápico.

Um estudo observacional avaliou a eficácia de enalapril e carvedilol em pacientes com FEVE ≤45% após quimioterapia com altas doses de antraciclina. Embora não houvesse grupo controle, a recuperação completa da FEVE ocorreu em 42% dos pacientes tratados com enalapril e carvedilol. É importante ressaltar que o tratamento específico, quando ocorreu dentro de 6 meses do aparecimento da disfunção ventricular, aumentou a probabilidade de recuperação da função do VE.[2] Após 6 meses, nenhum paciente apresentou recuperação da FEVE mesmo com tratamento com enalapril e carvedilol. Em um outro estudo de longo prazo, a terapia ideal para IC também pareceu estar associada a uma melhora na disfunção do VE observada após a quimioterapia.[3]

Ainda não existe evidência específica do benefício da cardioproteção após o aparecimento de sinais de disfunção miocárdica subclínica detectada apenas através de alterações no strain global longitudinal ao ecocardiograma. Baseando-se no strain, o tratamento quimioterápico não deve ser interrompido, adiado ou alterada dose da quimioterapia. O paciente deve ser monitorado rigorosamente para o aparecimento de sintomas ou sinais de disfunção cardíaca.[4] Estudos em curso avaliam a eficácia de intervenções mais precoces neste sentido.

Não sabe nada sobre strain? Veja nosso vídeo resumindo as 5 dicas sobre o método que todo cardiologista precisa saber.

[1] Rohde LEP, Montera MW, Bocchi EA, Clausell NO, Albuquerque DC, Rassi S, et al. Arq Bras Cardiol2018. p. 436-539.

[2] Cardinale D, Colombo A, Lamantia G, Colombo N, Civelli M, De Giacomi G, et al. Anthracycline-induced cardiomyopathy: clinical relevance and response to pharmacologic therapy. J Am Coll Cardiol. 2010;55(3):213-20.

[3] Cardinale D, Colombo A, Bacchiani G, Tedeschi I, Meroni CA, Veglia F, et al. Early detection of anthracycline cardiotoxicity and improvement with heart failure therapy. Circulation. 2015;131(22):1981-8.

[4] Thavendiranathan P, Poulin F, Lim KD, Plana JC, Woo A, Marwick TH. Use of myocardial strain imaging by echocardiography for the early detection of cardiotoxicity in patients during and after cancer chemotherapy: a systematic review. J Am Coll Cardiol. 2014;63(25 Pt A):2751-68.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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