Insuficiência Cardíaca

O papel do Alisquireno na Insuficiência Cardíaca

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O papel do Alisquireno em diversas condições clínicas vem sendo avaliado em vários estudos nos últimos anos. O Alisquireno é um inibidor direto da renina que recentemente entrou no mercado brasileiro. Seu efeito como anti-hipertensivo em monoterapia foi semelhante às demais drogas de primeira linha para HAS. No estudo ALLAY, se mostrou tão efetivo quanto o Losartan em reduzir índice de massa ventricular esquerda em pacientes com hipertrofia ventricular esquerda. Seu efeito benéfico em pacientes diabéticos com proteinúria também foi demonstrado, principalmente em associação com bloqueadores de receptores de angiotensina II (BRA). Mas quais são seus efeitos em pacientes com insuficiência cardíaca (IC)?

Sabe-se que a ativação do sistema renina-angiotensina aldosterona (SRAA) tem papel fundamental na fisiopatologia da IC. Por isso, diversas medicações vem sendo testadas para tentar obter um impacto positivo na evolução dessa doença. O papel dos Inibidores da ECA, dos BRA e dos Antagonistas de Aldosterona já estão bem estabelecidos nesse quadro. Assim, será que haveria espaço para uma quarta droga que agisse nesse sistema?

O estudo ALOFT testou 302 pacientes com IC CF II-III (80% com FE < 40%) para usar alisquireno 150mg/dia ou placebo, associados ao IECA (ou BRA) e betabloqueador. O grupo que usou alisquireno apresentou maior redução em BNP e em aldosterona urinária, sem piora da função renal, hipercalemia ou hipotensão significativa. Esse estudo não teve poder para avaliar desfechos como morbidade ou mortalidade, mas esse resultado benéfico neurohumoral nos leva a crer que pode haver algum impacto positivo com uso dessa droga.

Novos estudos nos responderão essa pergunta. Alguns estão em andamento; o estudo ATMOSPHERE avaliará seus efeitos em IC crônica e o estudo ASTRONAUT avaliará seus efeitos em pacientes com IC descompensada. Até o momento, portanto, seu uso para pacientes com IC encontra-se apenas no campo experimental.

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

3 comentários

  • Penso que o principal objetivo de qualquer tratamento é diminuir morbidade e mortalidade. Uma droga pode ser benéfica quanto à diminuição de um determinado item e, naverdade, não propiciar benefício quanto à morbidade e mortalidade, podendo até almentá-las passando a ser desaconselhado sua prescrição. Quanto ao Alisquireno, devemos aguardar melhor avaliação quanto aos desfechos clínicos para enquadrá-lo no mesmo nível dos IECAs e BRAs.

  • Olá Fernando! Inicio parabenizando os autores deste blog, as informações aqui postadas são sempre atuais e nos traz um ponto de referência muito útil para nossa prática clínica. Em relação ao aliskireno, gostaria de sugerir uma discussão sobre os trabalhos publicados onde mostrou maior risco de AVC quando combinado com BRA ou IECA. Atualmente a indicação ficou exclusiva para diabéticos com intenção de prevenir proteinúria. Este cenário duvidoso nos fez avaliar melhor a indicação.. Estou curioso em saber a posição real dos colegas nos grandes centros de estudo, uma posição imparcial, onde poderemos nos basear em desfechos claros, já que as críticas sugerem inclusive maiores índices de angiotensina circulante e outros substratos com o seu uso, quando comparado com os BRA e IECA. No meu ver estamos diante de uma nova droga mas com muitos estudos ainda para esclarecer nossas dúvidas.

    • Concordo que falta muito ainda para aprendermos sobre o impacto do uso do alisquireno em diversos cenários da prática clínica.
      Quanto ao cenário da insuficiência cardíaca, acho que vai ser difícil essa nova droga mostrar um impacto significativo em mortalidade, já que todos os pacientes já estarão usando ou IECA ou BRA, e portanto já terão seu sistema renina-angiotensina aldosterona pelo menos em parte bloqueados…bloquear mais um ponto dessa via não deve agregar muito em benefícios clínicos, na minha opinião, mesmo que adicionar outra droga bloqueie de forma um pouco mais efetiva essa via….mas isso será respondido definitivamente em futuros trials, como o ATMOSPHERE.
      Em relação ao AVC,o que temos de dados são originados do estudo ALTITUDE (Aliskiren Trial in Type 2 Diabetes Using Cario-Renal Disease Endpoints)…esse estudo estava comparando placebo x alisquireno 300mg 1xd associado a IECA ou BRA em pacientes com DM tipo 2 e microalbuminúria ou Clearance de Cr de 30-60ml/min. O estudo foi interrompido por futilidade (provável ausência de benefício dessa droga) e por preocupações relacionadas à segurança. Houve aumento de casos de disfunção renal, hipercalemia e hipotensão, além de um aumento no número de AVC…foram 85 (2,0%) AVC não fatal no grupo placebo contra 112 (2,6%) no grupo alisquireno (p 0,04)…o que apesar de limítrofe, é preocupante…tanto que levou à recomendação de não associar alisquireno a IECA ou BRA em hipertensos com DM e IRenal moderada a grave…

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