Insuficiência Cardíaca Métodos complementares

O que é o VO2 que aparece no laudo da ergoespirometria?

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Já falamos em um post prévio sobre a importância do VO2 em pacientes com insuficiência cardíaca grave. Mas finalmente, o que é o VO2?

  • VO2 máximo = consumo de oxigênio no pico do esforço
  • OK. Mas esse parâmetro depende de quê no final das contas? Basta vermos a fórmula usada para calculá-lo:

VO2 = Débito cardíaco x (conteúdo arterial de O2 – conteúdo venoso de O2)

Bem, isso não me ajudou muito. Calma, vamos destrinchar esta fórmula.

Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume ejetado pelo VE

Durante o esforço físico, o VO2 pode aumentar em até 6 vezes em relação ao basal de forma a prover ao nosso corpo o oxigênio necessário para aguentar a atividade física. Parte deste aumento se deve ao aumento tanto da frequência cardíaca quanto do volume ejetado pelo VE. Do outro lado, pacientes que não conseguem subir a frequência cardíaca no esforço físico, por exemplo, vão apresentar VO2 mais baixo. Daí vem a recomendação das diretrizes de, em pacientes com IC e em uso de betabloq, usar-se um ponto de corte mais baixo de VO2 (12 mL/kg/min) do que nos pacientes sem uso da medicação (14 mL/kg/min).

Essa parte da fórmula também ajuda a explicar porque pacientes com disfunção relevante de VE tendem a apresentar redução de VO2 uma vez que o volume ejetado pelo VE cai nestes pacientes.

Indo para a segunda parte da fórmula, temos que ver como calcular o tal do conteúdo arterial de oxigênio:

Conteúdo arterial de O2 (CaO2) = 1,34 x Hemoglobina x saturação arterial de O2.

Ou seja, se o paciente estiver com anemia ou se a saturação de O2 estiver baixa, o VO2 também irá cair.

Por fim, a fórmula para o conteúdo venoso de O2 é exatamente a mesma do arterial, substituindo apenas a saturação arterial de O2 pela saturação venosa. Mas qual a relevância disso? Basicamente esta diferença entre os conteúdos arterial e venoso de O2 mostra a capacidade dos tecidos de extraírem o oxigênio perifericamente. Isto está comprometido, por exemplo, em pacientes com mitocondriopatias.

Resumindo, o VO2 pode estar diminuído em uma série de doenças diferentes: cardiopatias (por redução do débito cardíaco), pneumopatias (por redução da saturação arterial de O2), anemia, mitocondriopatias, etc. A ergoespirometria pode ajudar na distinção destas diferentes entidades.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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