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O que fazer com o paciente que evoluiu com mialgia durante uso de estatinas?

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Vimos em posts prévios que os sintomas musculares são os efeitos colaterais mais comuns de estatinas, que eles são diagnosticados basicamente por critérios clínicos e quais são os principais fatores de risco para este tipo de problema. Mas, o que fazer frente a um paciente que começa com sintomas musculares (ex: mialgia) na vigência do uso de estatinas?

Algumas dicas:

  • Primeiro devemos reavaliar qual foi a indicação da estatina. Muitas vezes a medicação pode ter sido iniciado em um contexto off-label, sem grandes comprovações científicas de benefício. Para rever as indicações atuais de se usar estatina, acesse este post. Neste caso, a conduta mais prudente seria simplesmente suspender indefinidamente a medicação.
  • Caso o paciente apresente uma indicação formal de usar estatina, recomenda-se parar temporariamente a medicação para avaliar o tempo que os sintomas demoram para sumir. Quanto mais rápido os sintomas desaparecerem após suspensão da estatina, mais provável é que a medicação seja a responsável pelo quadro.
  • Solicitar dosagem de creatinoquinase (CK) no sangue. Níveis normais não excluem o diagnóstico mas níveis aumentados corroboram.
  • Excluir outras causas de miopatias como hipotireoidismo e deficiência de vitamina D.
  • Deficiência grave de vitamina D é considerada causa de miopatia e sua reposição pode melhorar o quadro clínico em alguns casos.
  • É importante orientar o paciente de que os efeitos musculares relacionados a estatinas são benignos na enorme maioria dos casos e de que geralmente são contornáveis. Há estudos com pacientes acompanhados em centros acadêmicos que mostram que 90% dos pacientes que já tiveram sintomas musculares com estatinas conseguem depois retornar o uso da medicação com boa tolerância.
  • Depois que os sintomas melhoraram com a suspensão da estatina, artigo do Jacc (referência no final) sugere tentar ao menos 2 tipos diferentes de estatinas. Muitas vezes o paciente faz reação a um tipo específico de estatina mas não a outros. Esquemas menos tradicionais inclusive podem ser considerados. Exemplo: rosuvastatina e atorvastatina podem ser administradas dia sim, dia não já que possuem tempo de meia-vida mais prolongado. Também, pode-se considerar a possibilidade de se usar estatina em dose mais baixa combinada com ezetimibe, sendo a evidência científica deste esquema menor do que o das estatinas isoladas em dose mais alta.
  • Se nada disto der certo, a alternativa disponível nos Estados Unidos são os inibidores da PCSK9. Para uma breve revisão sobre o assunto, acessar este post. Estas medicações ainda não estão disponíveis no Brasil.

Referência: Thompson PD et al. Statin-Associated Side Effects. J Am Coll Cardiol 2016.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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