Prevenção

O uso de smartwatches pode melhorar a saúde do seu paciente?

Escrito por Giordano Bruno

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A prática de atividade física regular e em uma intensidade/duração pré-estabelecida semanalmente é orientação preventiva e terapêutica para a maioria das doenças cardiovasculares. O problema é que a percepção do paciente pode ser superestimada em relação a essa meta e usar meios objetivos de medir essa atividade tanto garante essa meta quanto serve de estímulo para o próprio paciente em se adequar a mesma. Uma das formas de se medir a quantidade de atividade física que uma pessoa realiza é o uso de dispositivos de monitorização como relógios e pulseiras que medem quantidade de passos e de tempo de exercício realizado.

Uma recente revisão sistemática com metanálise de todos os estudos (16.743 participantes) envolvendo intervenção baseada no feedback destes dispositivos encontrou diferença significativa favorável ao uso do dispositivo:
1 ) Em relação à atividade física leve – equivalente a 1.235 passos a mais por dia
2 ) Em relação à atividade física moderada a intensa (48 minutos por semana a mais)
3 ) Menor tempo sedentário (cerca de 10 minutos por dia a favor dos participantes que receberam intervenção baseada no dispositivo)

E de quais dispositivos estamos falando ?
Qualquer equipamento que possa monitorar a movimentação, passos e nível de atividade foram incluindos nessa revisão, desde dispositivos simples conhecidos como pedômetros, aplicativos em smartsphones, até pulseiras digitais e smartwatches (relógios “inteligentes”) que também monitoram funções biológicas como frequência cardíaca.

Não existe um consenso sobre a meta diária de passos, mas em termos de atividade física, 75 minutos semanais de atividade física intensa, ou pelo menos 150 minutos de atividade física moderada são as recomendações atuais da American Heart e OMS. Lembrando que esses minutos são contados de maneira cumulativa (o que facilita na utilização dos dispositivos que contabilizam o total semanal de atividade física).

E como classificaríamos então a atividade física ?
Atividade leve – tarefas do dia-a-dia, caminhar em casa ou no trabalho, afazeres habituais, basicamente nada que modifique muito a frequência cardíaca ou respiratória

Atividade moderada – caminhada rápida, passeio de bicicleta, subir pavimentos e outras atividades que modifiquem a respiração mas permitindo ainda a pessoa conversar. Geralmente essas atividades aumentam a FC em torno de 50% da FC máxima prevista para idade

Atividade intensa – corrida, esportes competitivos, treinos intensos. Basicamente atividades que atingem pelo menos 70% da FC máxima prevista para idade e obviamente torna difícil quem a pratica estabelecer alguma conversa.

Tempo Sedentário – tempo utilizado desde o acordar até o dormir com o indivíduo deitado, sentado ou basicamente se movimentando pouco.

Obs: apesar de não existir consenso sobre a quantidade de passos diários que permitiria classificar o indivíduo como fisicamente ativo, mesmo que não pratique atividade física, estudo OBSERVACIONAL não controlado aqui comentado identificou risco cardiovascular e mortalidade 70% menor em pessoas que se movimentam o equivalente a pelo menos 7.000 passos por dia.

Referências
Larsen RT. Effectiveness of physical activity monitors in adults: systematic review and meta-analysis. BMJ 2022;376:e068047 | doi: 10.1136/bmj-2021-068047.

World Health Organization. (‎2020)‎. WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour. World Health Organization.

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Sobre o autor

Giordano Bruno

Médico Cardiologista e Ecocardiografista formado pela UFPE
Supervisor da residência em cardiologia do Hospital Agamenon Magalhães - SES/PE
Coordenador dos protocolos da cardiologia do Realcor / Real Hospital Português/PE

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