Hipertensão arterial sistêmica

Os médicos estão seguindo as diretrizes de hipertensão arterial?

Escrito por Audes Feitosa

Esta publicação também está disponível em: Português Español

Hipertensão arterial sistêmica é uma das doenças mais comuns na população. Portanto, todo médico deveria saber prescrever o tratamento inicial adequado para esta doença. Entre as recomendações das diretrizes, está o fato de a maioria dos pacientes com hipertensão arterial ter indicação de receber mais de uma medicação anti-hipertensiva como tratamento inicial. Ou seja, a regra é prescrever duas medicações como tratamento inicial. A monoterapia é exceção e deve ser considerada nas seguintes situações:

Mas, será que estas recomendações estão sendo seguidas na prática? Um novo estudo sugere que não.

A principal conclusão deste estudo foi que apenas metade dos pacientes tratados para hipertensão estágios 2 ou 3 (PAS ≥  160 ou PA ≥ 100 mmHg) recebeu terapia anti-hipertensiva combinada, apesar desta ser a recomendação das principais diretrizes no mundo. Desta forma, podemos inferir que a resistência dos médicos em aderir às diretrizes sobre o início ou intensificação do tratamento anti-hipertensivo representa uma grande barreira para o controle adequado da hipertensão.

Tratou-se um estudo retrospectivo de base populacional em pacientes adultos de um único sistema de prestação de serviços de saúde, com PA marcadamente elevada, que foi definida como duas consultas sequenciais com PAS ≥ 160 mmHg ou PAD ≥ 100 mmHg, realizado entre outubro de 2015 e dezembro de 2018. Foi feita análise de classe medicamentosa prescrita e a correlação desta com a estratificação do paciente com IAM, DM, DRC ou hipertensão não complicada, de acordo com as diretrizes americanas de HA de 2017.

Do total de 16.377 pacientes em acompanhamento com PA ≥ 160/100 mmHg, 29,8% não apresentaram prescrições de anti-hipertensivos, 20% receberam prescrição de apenas uma classe medicamentosa e em 50,2% dos pacientes foram prescritos medicamentos de pelo menos duas classes de anti-hipertensivos.

Já nos pacientes em início de tratamento, apenas 54,3% que tinham indicação, recomendada pelas diretrizes, de receber duas classes medicamentosas, receberam a terapia anti-hipertensiva inicial combinada.  A terapia medicamentosa adequada foi prescrita em 67% dos pacientes com IAM prévio, 51,4% daqueles com diabetes, 48,2% dos pacientes com DRC e 49,2% dos pacientes com hipertensão não complicada.

A prescrição da terapia combinada recomendada pelas diretrizes foi geralmente menor em pacientes mais velhos, com índice de massa corporal mais baixo e pressão arterial mais baixa.

Devemos considerar algumas limitações do estudo: os dados podem não ser representativos de outros sistemas de saúde ou países. Como seria aqui no Brasil? Foram excluídos os pacientes tratados apenas como pacientes internados ou em serviço de emergência. E por fim, não havia material disponível sobre a adesão do paciente à medicação.

Estes dados reforçam a inércia terapêutica e falta de adesão às recomendações das diretrizes de hipertensão arterial por parte dos médicos e indicam a necessidade de novos estudos englobando outras populações e diretrizes.

Referência: Medication Guideline Adherence Among Patients with Markedly Elevated Blood Pressurein A Real-World Setting. doi: https://doi.org/10.1101/2022.02.16.22271094

Banner Atheneu

Banner Atheneu

Banner Atheneu

Banner ECG

Deixe um comentário

Sobre o autor

Audes Feitosa

Deixe um comentário

Seja parceiro do Cardiopapers. Conheça os pacotes de anúncios e divulgações em nosso MídiaKit.

Anunciar no site