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O peptídeo natriurético tipo B (BNP) é um hormônio secretado pelos ventrículos em resposta ao aumento das pressões de enchimento, e tornou-se uma ferramenta de mensuração diagnóstica e prognóstica na IC. A neprilisina, ou endopeptidase neutra (NEP), é uma enzima humana responsável pela degração e inativação de diversos peptídeos hormonais, como os peptídeos natriuréticos. Com a introdução de drogas inibidoras da NEP no arsenal terapêutico da IC, a elevação do BNP pode não refletir de forma adequada a disfunção cardíaca. Um sub-estudo de biomarcadores do PARADIGM-HF confirmou o aumento esperado dos níveis séricos do BNP nos doentes tratados com Sacubitril/Valsartana. O NT-proBNP, por outro lado, é uma pré-molécula que não é influenciada pelo bloqueio da degradação dos peptídeos natriuréticos.
No PARADIGM-HF, foram observados níveis menores de NT-proBNP e troponina no grupo tratado com Sacubitril/Valsartana. Assim, do ponto de vista farmacodinâmico, o BNP não será mais um biomarcador confiável em doentes tratados com o Sacubitril/Valsartana, enquanto que o NT-proBNP parece manter a conformidade por não ser um substrato da NEP. Muitos serviços já utilizam habitualmente o NT-proBNP como biomarcador para IC e não precisarão modificar sua rotina.
Existe, normalmente, uma correlação entre os níveis séricos de BNP e NT-proBNP, sendo ambos influenciados por idade, função ventricular, níveis de hemoglobina e função renal. As principais vantagens do NT-proBNP são a meia-vida mais longa, de até 120 contra 20 min. do BNP, além de maior estabilidade in-vitro, 72 contra somente 4 horas do BNP. A literatura é conflitante sobre as vantagens e desvantagens do BNP e do NT-proBNP nas diversas situações clínicas. Por sua menor meia-vida, o BNP tenderia a ser mais efetivo como marcador de mudanças súbitas da hemodinâmica, enquanto que o NT-proBNP, por sua meia-vida mais longa, seria melhor marcador de disfunção sistólica e diastólica incipientes. Importante ressaltar que não há fórmula de conversão entre os resultados obtidos de BNP para NT-proBNP ou vice-versa.
Resumo da ópera:
- O uso de sacubitril/valsartana pode elevar falsamente os níveis do BNP mesmo na ausência de insuficiência cardíaca descompensada. Ou seja, neste grupo de pacientes, este marcador perde bastante acurácia como marcador prognóstico.
- Já os níveis de pro-BNP não são modificados de forma significativa pelo uso da medicação.
- Está com um paciente usando sacubitirl/valsartana e quer dosar um marcador com capacidade prognóstica assim como para lhe ajudar no diagnóstico diferencial se aquela dispneia é IC descompensada ou se outro fator está na jogada (ex: pneumopatia)? Solicite pro-BNP e não BNP.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
O pró-BNP é um precursor do NT-Pró BNP e do BNP. O que acontece é que o mesmo sofre clivagem em uma forma inativa (NT Pro BNP que não sofre degradação pela neprelisina) e a forma ativa (BNP) que é degradado pela neprelisina. Sendo assim, sempre que um paciente estiver usando sacubitril/valsartana para tratar ICFEr deve-se dosar o NT-pro BNP para avaliação da gravidade e prognóstico.
Show!
Então quer dizer que o pró bnp também aumenta com o uso do sacubitril/ valsartana?