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Por que estamos tendo dificuldade em realizar exames com contraste?

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Nas últimas semanas, muitos pacientes e médicos têm tido dificuldade em agendar ou realizar exames ou procedimentos com contraste iodado (tomografias, cateterismo, etc.). Mas por que isso vem acontecendo? Isso só está ocorrendo no Brasil? Na verdade, trata-se de um problema mundial e de causa multifatorial.

A demanda por exames de imagem contrastados aumentou para níveis superiores ao período pré-pandemia, pois com o surgimento da COVID-19, houve um investimento muito grande na área da saúde, principalmente com a aquisição de novos tomógrafos. Com maior oferta de aparelhos, há maior facilidade na realização de exames. Além disso, com a melhora ou estabilização do número de casos de COVID, a demanda reprimida de exames do período mais crítico da pandemia tem sobrecarregado ainda mais a demanda espontânea.

Um outro ponto importante é a falta de contraste iodado. Além da escassez do elemento iodo no mundo, uma das principais fabricantes de contraste e que detém uma importante fatia do mercado global teve sua fábrica em Shangai fechada do início de abril até o início de junho de 2022 devido ao novo lockdown. E os demais fabricantes não conseguiram aumentar sua produção para compensar essa escassez.

Somado a isso, muitos serviços e hospitais quando perceberam a dificuldade na aquisição de contraste, correram para as compras para formação de estoque, comprometendo ainda mais a situação.

Embora as fábricas de contraste estejam funcionando a todo vapor para restabelecer a produção normal, a logística para a normalização da entrega do produto para o mundo todo é complexa e deve levar mais algumas semanas para que esta situação se normalize.

Preocupadas com esta condição, o Ministério da Saúde, em conjunto com as Sociedades Brasileiras de Cardiologia, de Hemodinâmica, de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular e o Colégio Brasileiro de Radiologia publicaram no dia 12 de julho de 2022 uma nota orientando a racionalização do uso de contraste iodado até que ocorra a normalização do seu fornecimento.

As principais recomendações são:

  • Priorizar procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência;
  • Adequar a agenda de procedimentos eletivos de acordo com o estoque disponível e o histórico de utilização;
  • Sempre que possível, desde que não comprometa a acurácia do exame, realizar a TC sem contraste ou substituir por outros métodos propedêuticos com acurácia diagnóstica semelhante (tabela abaixo);

Métodos alternativos à TC contrastada em situações de escassez de contraste iodado

Método Situações
Ultrassom Vias biliares e urinárias, parede abdominal, trombose venosa e embolia arterial
Ressonância Magnética Exames neurológicos, abdominais e pélvicos
Medicina Nuclear Estadiamento de algumas neoplasias, sangramento intestinal e tromboembolismo pulmonar

Esperamos que essa situação se normalize o quanto antes. Enquanto isso não ocorre, é importante que haja um comprometimento de médicos e instituições de saúde para o uso racional do contraste iodado, quer seja na indicação de procedimentos alternativos ou  durante a execução dos procedimentos.

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Sobre o autor

Fábio Augusto Pinton

- Especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista pelo InCor - FMUSP e pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
- Especialista em Cardiologia pelo InCor - FMUSP e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
- Sócio Titular da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)
- Cardiologista Intervencionista do Hospital Sírio-Libanês, da Santa Casa de São Paulo e do Hospital Samaritano de Campinas

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