Hipertensão arterial sistêmica

Por que não devemos suspender abruptamente o uso de betabloqueadores?

Esta publicação também está disponível em: Português

cardio

Os betabloqueadores são medicações muito utilizadas na cardiologia sendo empregados em vários tipos diferentes de doenças (HAS, angina estável, insuficiência cardíaca, arritmias, etc). Eles baixam a pressão arterial, diminuem a ocorrência de angina, prolongam a vida em pacientes com fração de ejeção reduzida e diminuem/previnem certos tipos de arritmia. Em pacientes que fazem o uso crônico deste tipo de medicação a interrupção abrupta da mesma pode causar eventos graves. Entre os mesmos estão: aumento de frequência de angina, aumento de arritmias, aumento na inciência de infarto e mesmo aumento de morte de origem cardiovascular. Exemplos:

1- Propranolol-withdrawal rebound phenomenon. Exacerbation of coronary events after abrupt cessation of antianginal therapy. Trabalho publicado na New England em 1975. Avaliou 20 pctes coronarianos que usaram propranolol 160-320 mg/d durante semanas a meses e que suspenderam subitamente a medicação. Em um período de 2 semanas após a suspensão da medicação 10 metade dos pacientes apresentaram eventos isquêmicos graves incluindo 1 morte súbita, 1 IAM fatal e 1 taquicardia ventricular.

2- The relative risk of incident coronary heart disease associated with recently stopping the use of beta-blockers. Estudo publicado no JAMA em 1990. Estudo de caso controle que avaliou pacientes hipertensos que haviam tido um primeiro evento coronariano em um período de 2 anos (casos) com pacientes hipertensos sem eventos (controles). Na avaliação estatística viu-se que pacientes que haviam suspendido o uso de betabloqueadores de forma abrupta o risco de IAM elevou-se em 4,5 vezes.

O mecanismo que explica este efeito provavelmente é a upregulation dos receptores beta-adrenérgicos devido ao uso crônico do betabloqueador. Assim, os receptores existentes ficam mais responsivos às catecolaminas circulantes. No momento em que a medicação é suspensa, há chance de ocorrer um estado hiperadrenérgico.

DICA: sempre evite suspender abruptamente o betabloqueador de um paciente que faz uso da medicação cronicamente. Preferir o desmame progressivo da medicação.

Esta regra é sempre válida? Não! Caso o paciente apresente alguma contraindicação absoluta à medicação (ex: bloqueio atrioventricular total ou outros tipos de bradiarritmias graves sem que o paciente seja portador de marca-passo definitivo) a mesma terá que ser suspensa imediatamente para evitar complicações graves no curto prazo.

No próximo post veremos uma sugestão de desmame para este tipo de medicação.

Banner Atheneu

Banner Atheneu

Banner Atheneu

Banner ECG

Deixe um comentário

Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

Deixe um comentário

Seja parceiro do Cardiopapers. Conheça os pacotes de anúncios e divulgações em nosso MídiaKit.

Anunciar no site