Coronariopatia

Por que muitos médicos não acreditam no poder das medicações antianginosas?

Escrito por Eduardo Lapa

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Recentemente discutimos em detalhes o estudo ORBITA, um dos trials mais controversos publicados em coronariopatia crônica nos últimos anos. Uma das observações que fizemos neste post foi a de ratificar o que as diretrizes já falavam: o paciente para ser encaminhado para angioplastia eletiva devido à dor torácica deve estar em uso de, idealmente, 2-3 medicações antianginosas. E que diretriz fala isto? A de 2002 da American Heart, por exemplo. Basta ver o fluxograma sugerido na página 10 deste documento.

Mas por que então, na prática, grande parte dos médicos não segue estas orientações?   É vermos pacientes sendo considerados como refratários ao tratamento medicamentoso da angina muitas vezes usando apenas uma medicação antianginosa ou então mais de uma droga mas com doses não otimizadas.

Quer dizer que sempre tenho que colocar todas as medicações antes de mandar um paciente com angina estável para a angioplastia? Não! A decisão de tratamento na coronariopatia crônica precisa ser partilhada com o paciente. Você pode, por exemplo, estar frente a um paciente que simplesmente não gosta de tomar muitas medicações e que prefere ser submetido a um procedimento invasivo ao invés de tomar vários remédios. Lembrar que o paciente coronariano além dos antianginosos tem que receber aspirina e estatina, além de frequentemente ter que suar medicações para outras comorbidades (ex: antidiabéticos orais). Ou seja, facilmente chega a 6 ou 7 remédios diferentes por dia. Mas é importante que o paciente seja informado das opções, dos riscos envolvidos na angioplastia, na necessidade de usar dupla antiagregação plaquetária por um tempo após o procedimento, etc.

Resumo:

  • Antes de considerar que o tratamento clínico para angina estável falhou, use-o corretamente. O recomendado é que o paciente chegue, se possível, a 2 ou 3 classes de medicações antianginosas diferentes. As diretriz americanas e o ORBITA colocam como principais opções: betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio (anlodipina foi o mais usado no ORBITA) e nitratos de longa duração. 

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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