Arritmia ECG Emergências

Posso confiar no laudo do aparelho de ECG?

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Vários aparelhos de ECG possuem a função de laudar o exame de forma automática. Mas podemos confiar no que a máquina nos diz? Para resumir a história, as máquinas ainda erram bastante. Vamos dar exemplos relevantes:

  • arritmias atriais – as máquinas parecem ser muito acuradas em acertar quando o ritmo é sinusal (VPP > 95%) mas quando há alguma arritmia, este valor cai consideravelmente (VPP 53,5%). Isso é particularmente frequente quando as ondas Ps tem pequena amplitude, morfologia variável ou quando estão mascaradas na onda T, por exemplo. Quando vamos avaliar fibrilação atrial (FA), as máquinas podem dar o diagnóstico falso-positivo (ou seja, dizer que há FA quando na verdade não existe) em até 19% dos casos. Lembrando que neste caso isso pode levar a uma série de terapêuticas erradas com suas potenciais complicações (ex: iniciar anticoagulante em paciente em ritmo sinusal).
  • pacientes com marca-passo – estudos antigos mostravam que as máquinas erravam diagnósticos em até 75% dos pacientes com ritmo de marca-passo. Estes erros eram os mais diversos: diagnóstico errado de IAM, sobrecarga de ventrículo esquerdo, entre outros. Os aparelhos atuais melhoraram este aspecto mas ainda são frequentes os diagnósticos inapropriados.
  • síndromes coronarianas agudas – aqui as máquinas erram particularmente muito. Tanto há diagnósticos de IAM em pacientes que não têm a doença (chegando a 40% em algumas séries) como o aparelho pode deixar passar batido o diagnóstico correto em um paciente que está infartando também em mais de 40% dos casos. Assim, não tem como. Quando o assunto é infarto, alguém com experiência no método tem que checar o exame com cautela antes de sair tomando condutas intempestivas.
  • intervalo QT – outra medida que os laudos automáticos erram bastante. Há estudo com pacientes com diagnóstico manual de QT longo em que o ECG deixou de identificar a alteração em mais da metade dos pacientes.

Resumo da ópera:

Todas as informações do laudo automático gerado pela máquina de ECG deve ser rechecado pelo examinador. Não tem como fugir: o estudo do ECG persiste sendo fundamental e deve ser dominado por profissionais de saúde.

Quer uma fonte direta e prática para aprender ECG. Sugerimos o Manual de Eletrocardiografia Cardiopapers.

Referência: Schläpfer J. Computer-Interpreted Electrocardiograms: Benefits and Limitations. J Am Coll Cardiol 2017.

 

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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