Cardio-oncologia

PRADA: prevenção de disfunção cardíaca após terapia adjuvante para câncer de mama

Escrito por Fernando Figuinha

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PRADA

Câncer de mama é uma das neoplasias malignas mais comuns em mulheres. Avanços recentes no tratamento e detecção precoce dessa doença permitiram um aumento de sobrevida dessas pacientes. Consequentemente, vemos uma maior incidência de doença cardiovascular nesse grupo, incluindo insuficiência cardíaca.

Estudos prévios já sugeriam algum papel de cardioproteção de drogas como IECA/BRA e betabloqueadores, como uma atenuação na elevação de troponina com uso carvedilol (estudo CECCY).

O estudo PRADA foi desenhado para avaliar a hipótese de que o uso concomitante de BRA (candesartan) + β-bloqueador (metoprolol) poderiam diminuir o risco de piora da FE VE associada à terapia adjuvante, como antracíclicos, com ou sem trastuzumab ou radioterapia associada.

Como foi o desenho do estudo?

  • Estudo de fase 2, randomizado, duplo-cego, fatorial 2×2.
  • Drogas testadas: metoprolol, com dose alvo de 100mg 1xd, e candesartan, com dose alvo de 32mg 1xd.
  • 130 mulheres com diagnóstico de câncer de mama inicial, com programação de tratamento com antracíclicos + radioterapia (HER2-) oou Trastuzumab+Radioterapia (se HER2+).
  • Desfecho primário era mudança em FEVE avaliada pela ressonância magnética cardíaca. Uma mudança de 5% foi considerado significativa.
  • Entre os desfechos secundários, tínhamos mudança no strain longitudinal ao ECO, incidência de disfunção de VE (<55% na RM), mudança em biomarcadores (TnT-hs e NR-proBNP), mudança em função diastólica de VE (e/e’) e alteração na captação de contraste na RM.
  • Critérios de exclusão: pacientes com PAS < 110mmHg, FC < 50bpm, com IC sintomática ou disfunção de VE (FE < 50%), que já tinham feito uso prévio de antracíclico ou outros quimioterápicos; doença coronariana, valvar, arritmia ou hipertensão descontroladas. Tratamento prévio com IECA, BRA ou BBloq nas últimas 4 semanas. Gestação, lactação ou uso de drogas.

Quais foram os resultados?

  • Idade média de 51 anos
  • Todos pacientes receberam antracíclicos. 23% receberam também Trastuzumab, e 57-70% nos subgrupos receberam radiooterapia associada.
  • Desfecho primário: Candesartan e Metoprolol durante terapia adjuvante em pacientes com câncer de mama não diminuiu o risco de queda de FE VE após 2 anos de seguimento (as medicações foram utilizadas somente durante o período de terapia adjuvante, sendo interrompidas após).
  • Quando avaliada a proteção precoce, durante o tratamento de cardioproteção, foi observada uma redução na queda da FE com o uso de Candesartan vs placebo (p 0,026), sem diferença com o uso de metoprolol; e uma redução na variação de troponina I com uso de metoprolol (p 0,019), sem diferença observada no grupo candesartan para essa variável.
  • Limitações: estudo realizado em somente um centro, e 18% não fizeram avaliação final após 2 anos. Além disso, a queda de FE VE foi menor do que a prevista.

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

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