Arritmia Diretrizes e Guidelines

Quais as Novidades da Diretriz de Taquicardia Supraventricular? – Parte 2

Escrito por Pedro Veronese

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No post passado começamos a falar sobre as mudanças da nova diretriz europeia de taquiarritmias supraventriculares. Aqui continuaremos o resumo desta diretriz.

Quais as novas recomendações trazidas pela diretriz de 2019?

1.    A ivabradina sozinha ou em combinação com betabloqueadores deve ser considerada em pacientes sintomáticos com taquicardia sinusal inapropriada (classe IIa).

2.    O Ibutilide pode ser considerado para tratamento de TA focal na fase aguda (classe IIb).

Comentário Cardiopapers: não disponível no Brasil.

3.    Ivabradina para SPOT e ivabradina com betabloqueador para tratamento crônico de TA focal podem ser considerados (classe IIb)

4.    Pacientes com FLU sem fibrilação atrial (FA) devem ser considerados para anticoagulação, mas o valor para iniciá-la não está estabelecido (classe IIa).

Comentário Cardiopapers: na prática ainda utilizamos o CHA2DS2VASc com os mesmos valores de corte da FA. Isso contudo é discutível como vimos neste post.  

5.    Ibutilide (IV), ou dofetilide intra-hospitalar (IV ou VO) são recomendados para reversão de FLU (classe I).

Comentário Cardiopapers: não disponível no Brasil.

6.    ATP (Overdrive suppression) é recomendado para reversão de FLU em pacientes portadores de marcapasso ou desfibrilador (classe I).

7.    Amiodarona (IV) não é recomendada para FA pré-excitada (classe III).

Comentário Cardiopapers: amiodarona é classe III em FA pré-excitada. Porém, é a medicação disponível no Brasil. Sua infusão deve ser acompanhada por médico com desfibrilador ao lado. Considere CVE mesmo que o paciente esteja estável.

8.    EEF para realizar estratificação de risco em pacientes com pré-excitação ventricular assintomática deve ser considerado (classe IIa).

9.    Ablação por cateter é recomendada em pacientes assintomáticos com pré-excitação, quando testes invasivos com isuproterenol identificam critérios de alto risco: intervalo RR ≤ 250 ms, período refratário efetivo da via acessória ≤ 250 ms, múltiplas vias e a indução de taquicardia mediada pela via acessória (classe I). 

10. Avaliação não invasiva de uma via acessória em pacientes assintomáticos pode ser considerada (classe IIb).

Comentário Cardiopapers: é o que costuma ser feito no InCor para a maioria dos pacientes. Casos específicos devem ser individualizados.

11. Ablação por cateter pode ser considerada em pacientes assintomáticos com pré-excitação e via acessória de baixo risco na estratificação invasiva ou não invasiva (classe IIb).

Comentário Cardiopapers: principalmente, no meu ponto de vista, quando se trata de uma via acessória de baixo risco de complicações durante o procedimento invasivo e a equipe de eletrofisiologia tem boa experiência.

12. Ablação por cateter deve ser considerada em pacientes assintomáticos com pré-excitação ventricular e disfunção do VE por dissincronismo (classe IIa).

Comentário Cardiopapers: quando se suspeita que a via acessória é a causa da dessincronia.

13. Ablação do nó AV com colocação de marcapasso (biventricular ou estimulação do HIS) é recomendada se a taquicardia responsável pela taquicardiomiopatia não pode ser ablacionada ou controlada por fármacos (classe I).

14. Durante o primeiro trimestre de gestação é recomendado que todos os antiarrítmicos sejam evitados, quando possível (classe I).

15. Em mulheres grávidas, betabloqueadores seletivos – B1, (exceto atenolol) ou verapamil, em ordem de preferência, devem ser considerados para prevenir TSV em pacientes sem síndrome de W.P.W. (classe IIa).

Comentário Cardiopapers: todos os betabloqueadores podem causar bradicardia e hipoglicemia no feto, porém os betabloqueadores seletivos têm menos chance da causar alterações de relaxamento uterino. Diltiazem tem efeito teratogênico em animais. O verapamil é considerado mais seguro que o diltiazem.

16. Em mulheres grávidas, flecainide ou propafenona devem ser consideradas para prevenção de TSV em pacientes com síndrome de W.P.W. e sem doença cardíaca isquêmica ou estrutural (classe IIa).

Comentário Cardiopapers: no Brasil temos apenas a propafenona. A diretriz não cita o uso de sotalol.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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