Lípides Prevenção

Quais fatores aumentam o risco de sintomas musculares associados a estatinas?

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Já vimos em posts prévios que os sintomas musculares são os efeitos colaterais mais relacionados ao uso de estatinas e que o seu diagnóstico é basicamente clínico. Mas, quais são os fatores que aumentam o risco de sintomas musculares associados a estatinas? Em última instância, podemos resumi-los em 2 grupos:

1- Situações que diminuam a massa muscular do paciente

2- Qualquer situação que aumente os níveis séricos das estatinas

Ou seja, sempre que houver proporcionalmente “mais estatina que músculo”, há risco aumentado efeitos colaterais.

Em relação ao primeiro grupo, são exemplos: pacientes com IMC baixo, pacientes debilitados que apresentam consumo de massa muscular, idosos (com o aumento da idade há tendência a ocorrer sarcopenia, ou seja, diminuição de massa muscular), mulheres (proporcionalmente têm menos massa muscular que homens com o mesmo peso).

Já no segundo grupo, são exemplos:

  • hipotireoidismo – diminue o catabolismo das estatinas
  • doses mais elevadas de estatinas -quanto maior a dose tomada, maior o nível sérico. Por isso que o surgimento de efeitos colaterais é proporcional à dose de estatina tomada. também por este motivo um paciente pode ter sintomas musculares com dose elevada de uma determinada estatina e depois voltar a usar a mesma substância em doses menores com boa tolerância.
  • álcool – tanto pode causar lesão muscular direta, o que torna a pessoa mais sensível à mialgia da estatina, quanto pode alterar o catabolismo da medicação.
  • medicações que inibem o citocromo CYP hepático, mais especificamente a subunidade CYP3A4. Como as estatinas são metabolizadas por este citocromo, qualquer medicação que inibir a sua ação irá aumentar os níveis séricos das estatinas. Os exemplos são inúmeros (75% de todas as medicações são metabolizadas por este citocromo),  mas podemos destacar: antifúngicos imidazólicos, macrolídeos, antagonistas dos canais de cálcio, amiodarona, sildenafil, varfarina. Ou seja, várias medicações usadas comumente no consultório.

Fluvastatina, rosuvastatina e pitavastatina não são metabolizadas na subunidade CYP3A4 e, desta forma, possuem menor risco de interação com outras medicações.

Referência: Thompson et al. Statin-Associated Side Effects. J Am Coll Cardiol 2016.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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