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Quais são os pacientes com maior risco de AVC após implante valvar aórtico por catéter?

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Eventos embólicos cerebrais após o implante valvar aórtico por catéter (TAVI) podem ocorrer por diversos mecanismos fisiopatológicos. A manipulação de uma valva aórtica nativa calcificada, a introdução de cateteres através de uma aorta ateromatosa e a diversidade de comorbidades comumente encontradas nestes pacientes são alguns dos fatores que ajudam a explicar a preocupação com a ocorrência deste tipo de evento após a TAVI.

Com o passar dos anos, o aprimoramento dos materiais utilizados e o aumento da expertise dos serviços com o procedimento tem provocado uma diminuição contínua e significativa da incidência destes eventos após a TAVI. No entanto, por serem estes eventos potencialmente graves e desabilitantes, permanecem a preocupação com a sua ocorrência e a necessidade de melhorar ainda mais a prevenção.

Desta forma, identificar quais são os pacientes sob maior risco para a ocorrência de um evento vascular embólico do sistema nervoso central é o que se propôs a fazer esta metanálise publicada recentemente no JACC.

O estudo teve como objetivo analisar os preditores de evento vascular cerebral (EVC), incluindo acidente vascular cerebral (AVC) e/ou ataque isquêmico transitório (AIT), em 30 dias após TAVI.

Foram revisados e incluídos 64 estudos envolvendo 72.318 pacientes. Dentre estes, 2.385 pacientes tiveram EVC em 30 dias após a TAVI. A incidência de EVC variou de 1% a 11% (mediana: 4%). A análise multivariada indicou menor risco entre os pacientes do sexo masculino (RR: 0,82; p: 0,02) e maior risco para pacientes com doença renal crônica (RR: 1,29; p: 0,03), episódio de fibrilação atrial nova após a TAVI (RR: 1,85; p: 0,005), além de procedimentos realizados na primeira metade da curva de aprendizado do serviço (RR: 1,55; p: 0,003).

O uso de pós-dilatação com balão mostrou uma tendência de elevação do risco de EVC porém sem significância estatística (RR: 1,43; p: 0,07). Quanto ao tipo de prótese implantada (expansível por balão vs. auto-expansível) e a via de acesso utilizada (transfemoral vs. não transfemoral) não foram preditores de evento.

Em resumo, esta metanálise demonstra que sexo feminino, doença renal crônica, início da curva de aprendizado dos operadores e o desenvolvimento de FA nova após o implante são fatores que aumentam o risco de de AVC/AIT em 30 dias após a TAVI. E, portanto, levanta a hipótese de que estratégias de prevenção mais agressivas e mais específicas (ex: terapia antiplaquetária dupla prolongada, novos antiplaquetários, anticoagulantes orais, dispositivos de proteção embolica cerebral, etc.) talvez possam ser individualizadas para estes subgrupos de pacientes visando reduzir a incidência de eventos.

Referência bibliográfica:

Auffret, V, Regueiro, A, Rodés-Cabau, J et al. Predictors of Early Cerebrovascular Events in Patients With Aortic Stenosis Undergoing Transcatheter Aortic Valve Replacement (J Am Coll Cardiol 2016;68:673–84).

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Sobre o autor

Eduardo Pessoa de Melo

Residência em Cardiologia pelo InCor/FMUSP
Título de Especialista em Cardiologia pela SBC
Especialista em Cardiologia Intervencionista pelo InCor/FMUSP
Sócio Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista
Cardiologista Intervencionista do PROCAPE/UPE
Cardiologista Intervencionista da Rede D'Or São Luiz:
- Hospital Esperança
- Hospital Esperança Olinda
- Hospital São Marcos

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