Congênitas Semiologia

Qual a causa do sopro dessa paciente? Consegue acertar essa angiotomografia?

Escrito por Alexandre Volney

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Mulher de 61 anos veio para avaliação cardiológica devido à dor torácica e dispneia aos esforços. Negava tabagismo ou doença pulmonar prévia. Achado no exame físico de sopro sistólico rude em borda esternal esquerda. Submetida ao ecocardiograma transtorácico que identificou fluxo sistólico anômalo na artéria pulmonar ao doppler e hipertensão pulmonar moderada, sem alterações valvares. Complementada investigação com angiotomografia coronária por suspeita de fístula coronariana.

Angiotomografia coronária com escore de cálcio zero, ausência de anomalias ou aterosclerose coronariana. Entretanto, observou-se achado interessante de fluxo de contraste na artéria pulmonar no momento em que deveria-se ver apenas contraste em câmaras esquerdas (vide figura abaixo).

No exame de Angiotomografia Coronária as câmaras direitas ficam com pouco ou nenhum contraste. A coluna de contraste no momento da aquisição das imagens deve estar nas câmaras cardíacas esquerdas, aorta e coronárias. Nesse momento, o ventrículo direito não tem contraste, mas a artéria pulmonar (TP) apresenta contraste, contido pela valva pulmonar (setas). Atrio esquerdo (AE); Ventrículo esquerdo (VE); Ventrículo direito (VD); Tronco da artéria pulmonar (TP).

 

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Frente aos achados iniciais da AngioTC, optou-se por reinjeção de pequena quantidade de contraste para avaliação completa da aorta torácica e artéria pulmonar, sendo intentificado canal arterial patente (seta). Persistência do canal arterial (PCA); Artéria pulmonar (AP); Arco aórtico (Arco). À direita a representação tridimensional da PCA.

A persistência do canal arterial é uma conexão aorto-pulmonar devido ao não fechamento do ductus arteriosus após o nascimento. Ocorre em 3 a 8/10.000 nascidos vivos. As manifestações clínicas variam de acordo com a dimensão do canal e por consequência da intensidade do shunt da esquerda para a direita (medida pelo Qp/Qs) determinando desde dispneia aos esforços, sinais de insuficiência cardíaca e cianose (quando há hipertensão pulmonar e inversão do shunt da direita para a esquerda).

O diagnóstico é habitualmente realizado durante o período neonatal , baseado nos achados clínicos e na avaliação ecocardiográfica. Por isso sua prevalência em adultos é baixa.

A angiotomografia coronariana e a ressonância cardíaca podem ajudar na avaliação complementar de casos duvidosos ou inconclusivos e no diagnóstico diferencial de outras causas de sopros e hipertensão pulmonar.

Dentre as complicações citamos insuficiência cardíaca, endocardite infecciosa e hipertensão pulmonar. O tratamento por fechamento cirúrgico deve ser realizado antes do desenvolvimento de hipertensão pulmonar e inversão do shunt (Síndrome de Eisenmenger).

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Sobre o autor

Alexandre Volney

Residência em Clínica Médica pelo Hospital do Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HC-FMUSP, 2007)
Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor-HCFMUSP, 2009),
Especialização em Tomografia e Ressonância Cardiovascular (InCor-FMUSP, 2009-2011)
Especialista em Ecocardiografia (SBC)

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