Valvopatias

Qual é a importância do BNP em pacientes com Insuficiência Mitral?

Escrito por Fernando Figuinha

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Estudos prévios avaliando o uso de BNP em pacientes com Insuficiência mitral (IMi) degenerativa sugeriam que seu nível plasmático se elevava conforme piorava a gravidade da IMi, com o remodelamento ventricular e com sintomas, e que poderia predizer desfechos em pacientes com tratamento conservador.

As indicações de tratamento cirúrgico na insuficiência mitral primária, segundo a Diretriz Brasileira de Valvopatias, seriam: pacientes com IMi importante em pacientes sintomáticos; ou com disfunção ventricular sistólica (FE 30-60% e DSVE >= 40mm); com FA de início recente com função ventricular normal; ou com desenvolvimento de hipertensão pulmonar (PSAP > 50mmHg no repouso).

Foi publicado um estudo (JAMA 2013;310:609) sugerindo que a cirurgia precoce, mesmo em pacientes assintomáticos, poderia trazer um benefício de sobrevida. Precisávamos de algo para nos ajudar a decidir quem deveria ou não ir para cirurgia precocemente.

Esse estudo propõe que o comportamento do BNP pode auxiliar na decisão do melhor momento para a indicação de cirurgia. Reforça, portanto a avaliação dinâmica do BNP.

Foi um estudo de coorte de 1.331 pacientes com IMi degenerativa.
O achado principal foi que a ativação do BNP usando a taxa de BNP (taxa do valor de BNP medido pelo valor máximo do BNP esperado para idade e sexo) foi um preditor de sobrevida em pacientes com IMi degenerativa (diferente do valor absoluto, que tem uma variação significativa com diversos fatores, sendo maiores, por exemplo, com o aumento da idade e com o sexo feminino).

A taxa de BNP foi um preditor independente de mortalidade (HR 1,33; p < 0,001).

Em pacientes que foram tratados inicialmente sem cirurgia, a taxa de BNP também foi um preditor potente de mortalidade (HR 1,61 ; P < 0,0001). Naqueles tratados cirurgicamente, a taxa de BNP perdeu seu poder preditor (HR 1,29; p 0,54).

Assim, um valor baixo de BNP  (BNP ratio < 1.0) poderia nos dar mais segurança para manter o tratamento clínico do nosso paciente, em casos sem outras indicações claras de cirurgia.

Referência: Association of B-Type Natriuretic Peptide With Survival in Patients With Degenerative Mitral Regurgitation. Clavel MA et al. J Am Coll Cardiol 2016;68:1297-307).

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

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