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Peptídeos natriuréticos podem aumentar em diversas condições clínicas além da insuficiência cardíaca como embolia pulmonar, cardioversão elétrica, hipertensão pulmonar, síndrome coronária aguda, arritmias, cirurgia cardíaca, hemorragia cerebral, doença hepática avançada, sepse, tireotoxicose, insuficiência renal, DPOC, anemia e cetoacidose diabética.
Na pericardite constritiva (PC), no entanto, não ocorre estiramento das fibras miocárdicas porque o coração é poupado pela “carapaça” pericárdica. Vários estudos já demonstraram que na PC a concentração de peptídeos natriuréticos é normal ou pouco aumentada. Alguns autores sugerem, inclusive, que os peptídeos natriuréticos possam ser utilizados como uma ferramenta eficaz e não-invasiva no diagnóstico diferencial entre PC e miocardiopatia restritiva (MCR). Na MCR, a restrição do enchimento ventricular produz estiramento atrial significativo de forma que a concentração de peptídeos natriuréticos é significativamente maior. De forma geral, pacientes com PC apresentam BNP < 150 ng/l enquanto que aqueles com MCR apresentam BNP > 650 ng/l.
NOTA: essa dica só vale na PC primária (de etiologia idiopática ou viral), que é a forma mais comum de PC. Existe uma ampla variedade de outras etiologias como trauma, cirurgia cardíaca, irradiação do mediastino, tuberculose, histoplasmose, doenças do tecido conjuntivo, malignidades e doença renal crônica, que podem gerar dano adicional ao miocárdico ou elevar os peptídeos natriuréticos por outras razões. Nesses casos, especialmente se houver insuficiência renal associada, o BNP não é um parâmetro confiável para diferenciar PC de MCR.